Sinais de desacordo… sinais de alerta!
Para além da APEDE, conhecem-se já as primeiras reacções ao acordo ME-sindicatos (não todos!) por parte de outros movimentos de professores, bloggers, partidos políticos e organizações sindicais. Da leitura atenta das mesmas pode retirar-se uma conclusão evidente: mesmo as mais positivas (que são escassas e já esperadas) não se atrevem a ser entusiásticas, manifestando mesmo algumas reservas e desencanto face aos termos do acordo. Outras há (uma grande maioria) que consideram ter sido este acordo um mau acordo, ou até mesmo uma traição aos professores. A APEDE reconhece a importância de alguns dos pontos que foram assegurados nesta negociação (desde a extinção da categoria de titular à garantia de novo concurso para 2011, passando pela abolição parcial da prova de ingresso e pela calendarização de um processo negocial tendo em vista atacar outros graves problemas que nos afectam, bem como pela “garantia” – atenção às aspas- do acesso ao topo da carreira remuneratória, em tempo “útil” – atenção às aspas, de novo-, dos professores classificados com BOM), mas não pode deixar de colocar a seguinte questão: se a principal organização sindical de professores, no dia 29 de Dezembro, enviou ao M.E. as contra-propostas que entendeu necessárias para a celebração de um eventual acordo, porque razão no dia 7 de Janeiro veio a fechar um acordo que fica longe, mas muito longe mesmo, dessas mesmas condições que afirmou serem essenciais?
Concretamente, como é possível aceitar que venha a ser implementado um modelo de avaliação em quase tudo idêntico ao que foi tão violentamente rechaçado por mais de uma centena de milhar de colegas nas ruas? Como é possível aceitar uma duração de carreira que pode atingir os 40 anos de serviço? Como é possível aceitar que subsistam as quotas para as classificações de Muito Bom e Excelente? Como é possível aceitar-se a definição facultativa de objectivos individuais? Como é possível aceitar o roubo do tempo de serviço prestado pelos professores no reposicionamento nos novos escalões? Como é possível aceitar que se passe praticamente um “cheque em branco” para o período após 2013, no que respeita a vagas e contingentações? Como é possível aceitar-se que os efeitos das classificações, decorrentes da aplicação discricionária e injusta do 1º ciclo avaliativo, sejam validadas, oferecendo-se assim, de mão beijada, uma evidente vitória política a quem tanto nos insultou e maltratou ? Temos memória? E honra?
A APEDE deixa finalmente a grande questão: será que as reacções, dos mais variados quadrantes, posições e ideologias, quase todas com críticas globalmente negativas, que se têm vindo naturalmente a acumular, serão por si só suficientes para que os principais sindicatos de professores compreendam que têm muito que reflectir e trabalho pela frente, num futuro imediato, no sentido de evitarem a repetição da situação originada pelo tristemente célebre “Memorando de Entendimento”? Compreenderão os dirigentes sindicais os sinais que já estão a chegar dos professores que leccionam dia a dia nas escolas, conseguindo reagir positivamente aos mesmos, evitando a eclosão de tensões e clivagens, de todo desaconselháveis, que podem até ameaçar a unidade, de todos os intervenientes, neste processo de luta que ainda teremos de continuar e nele porfiar? Lembramos que a assinatura deste acordo provocou mesmo aquilo que o supra referido “Memorando de Entendimento” não conseguiu: uma fractura no seio dos sindicatos que formaram a Plataforma Sindical. E nos partidos à esquerda do PS, tb hoje se notam clivagens e avaliações deste acordo diametralmente opostas, situação que nunca aconteceu durante todo este processo de luta. São sinais importantes, que a APEDE não pode deixar de referir como um alerta para o futuro próximo.
Os Movimentos Independentes de Professores, que souberam respeitar o tempo e o espaço de negociação formal das estruturas sindicais com o ME, mantendo sempre uma postura de enorme responsabilidade, avançando até, no caso da APEDE, com uma Proposta Global Alternativa, que poderia ter sido (e ainda pode) um contributo importante para o referido processo, não hesitarão em continuar a luta, por todos os meios que considerarem adequados, se aqueles que têm mais responsabilidades na sua condução não conseguirem negociar, com sucesso e em tempo breve, aquelas que são as justas reivindicações dos professores (e que ficaram fora deste acordo ou não foram convenientemente negociadas), honrando as razões da justíssima luta que temos vindo a travar. Aquilo que era mau ontem, e impedia a assinatura de um acordo, não pode de repente ser esquecido ou transferido para um tempo incerto. Não o aceitaremos.
A todos os colegas um abraço solidário
em 09/01/2010 em 20:49
Completamente de acordo com o texto publicado.
A montanha pariu um rato.
em 09/01/2010 em 22:15
Concordo plenamente com o texto publicado. Temos de continuar a luta. Juntos conseguiremos!
Temos de mostrar às estruturas sindicais que os professores são sérios e cumpridores dos seus princípios e não se deixam vergar perante sindicatos que não têm sabido representar uma classe.
A contagem do tempo de serviço que nos foi “roubado” deve ser, também, um ponto forte nas negociações com o ME.
em 09/01/2010 em 23:39
Afinal tanto barulho para quê? Afinal tudo se mantém praticamente na mesma a nível da avaliação. Enfim …..
em 10/01/2010 em 09:27
Não foi passado chequem em branco nenhum! Isto é pura agitação machaqueira! Está no Acordo que as questões posdteriores a 201\3 têm de ser obrigatoriamente negociadas com os Sindicatos!
em 10/01/2010 em 10:53
Caro Pedro Teixeira,
Em primeiro lugar, era importante que soubesse manter uma postura de respeito pelas opiniões alheias (e pelas pessoas, na forma como utiliza os seus nomes), pois vivemos em democracia e a unicidade de análise e pensamento não colhe, de todo, o nosso afecto. Aquilo que consideramos um “cheque em branco” (creio que reparou nas aspas e entende alguma coisa de Língua Portuguesa) é o facto de nada ter ficado “preto no branco” para lá de 2013 (que em termos de duração de carreira é “já amanhã”). Cremos que não será preciso recordar-lhe que nem todas as matérias de negociação obrigatória, com os sindicatos, acabaram bem para os professores e, sobretudo com este governo, tudo o que fique menos clarificado e salvaguardado à partida, é potencialmente perigoso. Não será difícil antecipar que perante uma eventual acumulação de classificações de Muito Bom e Excelente o governo venha rapidamente apertar ainda mais o torniquete, com a obsessão economicista que tem norteado as suas políticas educativas. Foi para isso que quisemos chamar a atenção.
Em segundo lugar, não tenha dúvidas sobre este ponto: os textos publicados no blogue da APEDE são textos da APEDE, inteiramente assumidos por todos nós, independentemente de quem os tenha escrito ou dos contributos, mais específicos, deste ou daquele elemento dos orgãos sociais da Associação. Para seu maior descanso, e mesmo sendo isso irrelevante, fique ainda assim a saber que errou o palpite, quanto à autoria do texto.
Finalmente, quanto à agitação que refere, e pelos vistos o preocupa, bastará passar pelas salas de professores, para perceber que ela já existe, está instalada, e não depende, seguramente, da leitura deste texto. As razões são muito variadas. Importa atacá-las, dar-lhes resposta, solucioná-las. É para isso que nos empenhamos nesta luta e contamos com a mobilização de todos os colegas, e de todos os intervenientes na mesma, para as difíceis “batalhas” que ainda temos pela frente.
Cordiais cumprimentos
em 10/01/2010 em 11:22
[…] Sinais de desacordo… sinais de alerta! […]
em 10/01/2010 em 14:02
Totalmente de acordo com o texto da APEDE!
E muita atenção ao reposicionamento na carreira.
Não podemos aceitar mais roubos no tempo de serviço, para além do tempo congelado de 2 anos e 4 meses.
em 10/01/2010 em 14:19
Absolutamente de acordo.
Como sempre, os sindicatos não passam duns vendidos.
em 10/01/2010 em 14:39
Sou da mesma opinião, continuar a luta. Estavamos melhor sem sindicatos do que com estes incompetentes. Que cenoura lhes terão dado? Um lugar na pulhitiquice?
em 10/01/2010 em 14:41
Absolutamente de acordo, pricipalmente em relação ao roubo do tempo de serviço!
em 10/01/2010 em 16:16
Completamente de acordo… tanta conversa para isto vão-se catar….
em 10/01/2010 em 16:50
E a montanha pariu um …rato.
em 10/01/2010 em 18:51
Subscrevo por inteiro.
Contem comigo para as acções a desenvolver e para levar, para o interior do SPGL (Membro da FENPROF), as reivindicações que os dirigentes sindicais abandonaram.
Um abraço para o Ricardo e para o Mário, extensivo a todos os colegas da APEDE.
João Medeiros,
(Sócio do SPGL)
em 11/01/2010 em 00:12
Completamente de acordo. Já me roubaram 5 anos e quatro meses de serviço.