Posição dos Movimentos Independentes de Professores Face à Assinatura do Acordo de Princípios
COMUNICADO CONJUNTO
O “Acordo de Princípios para a Revisão do Estatuto da Carreira Docente e do Modelo de Avaliação dos Professores dos Ensinos Básicos e Secundário e dos Educadores de Infância” agora assinado entre o ministério da Educação [ME] e algumas estruturas sindicais, entre as quais a Fenprof e a FNE, que, entre outros efeitos deletérios, também serviu para desfazer uma importante unidade sindical na luta contra as políticas educativas erradas dos governos de Sócrates, não passa de um novo “memorando de entendimento” que colide, quer com uma parte substantiva das reivindicações que os professores afirmaram, escola a escola e nas ruas, forçando a agenda sindical e resistindo à prepotência e às medidas absurdas da anterior equipa ministerial, quer com o essencial daquilo que os sindicatos afirmaram e defenderam nestes dois últimos anos.
Genericamente considerado, o acordo traduz a validação, por parte dos sindicatos, de quase todos os pilares que sustentavam as medidas que Maria de Lurdes Rodrigues procurou impor e que os professores rejeitam incondicionalmente e que os sindicatos reputavam de inaceitáveis. Referimo-nos, em concreto, ao seguinte:
– manutenção da prova de ingresso na carreira, apesar de os professores contratados e entretanto avaliados serem dispensados da mesma;
– manutenção de um sistema de quotas aplicado ao ensino, num momento em que a sua rejeição é transversal a todos os partidos da oposição, maioritários no Parlamento;
– manutenção, quase intacta, do modelo de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues, massivamente recusado pelos professores.
São de vária ordem as razões que nos levam a rejeitar um acordo que em nada beneficia os professores e que demonstram a imprudência com que alguns sindicatos tratam a representação dos docentes e a facilidade com que abdicam das suas reivindicações nucleares (das 31 exigências da Fenprof para assinar o acordo, a esmagadora maioria não foi acolhida):
1) a transição para a nova estrutura da carreira docente é penalizadora para os professores, uma vez que a sua grande maioria regride no seu posicionamento e demorará muito mais tempo a atingir o topo da carreira;
2) o tempo de serviço de dois anos e meio extorquido aos professores não foi reposto;
3) não foi abolida a prova de ingresso para quem quer leccionar pela primeira vez, depois de uma certificação universitária e do respectivo estágio com orientações pedagógicas e científicas;
4) prevalece o sistema de quotas e a contingentação administrativa de vagas, por meras razões economicistas (quando o estado esbanja dinheiro em futilidades, em Bancos e em escritórios de advogados) que nada têm a ver com reconhecimento do mérito, condenando a maioria dos professores a uma permanência de sete anos em alguns escalões;
5) em termos de estrutura da carreira docente, substituiu-se um filtro no acesso a professor titular por dois estrangulamentos no acesso aos 5º e 7º escalões;
6) o modelo de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues é viabilizado quase intocado, com uma porta escancarada para a sua versão “complex” e que, estamos certos, a maioria dos professores irá transpor, candidatando-se às menções de “muito bom” e de “excelente” (num ciclo avaliativo de dois anos estaremos a falar de cerca 120 mil professores que vão requerer meio milhão de aulas assistidas, o que é uma barbaridade que paralisará as escolas);
7) na sequência do número anterior, os princípios agora aprovados no quadro do modelo de avaliação, mantêm todos os dispositivos que fomentaram, nas escolas, a competitividade doentia, a barafunda e a burocracia, nomeadamente os ciclos de dois anos com avaliação em permanência de todos, a decisão individual de definir objectivos individuais e de requerer aulas assistidas, a proliferação e o entrecruzar de Comissões de Avaliação e Relatores ou, ainda, as dimensões de avaliação consideradas e o contributo em aberto de cada docente para as mesmas, abrindo caminho às disputas de tralha, papelada e projectos folclóricos. A confluência de tudo isto arruinará o ambiente e a cooperação nas escolas e dificultará o investimento dos professores na sua função de ensinar, passando cada um a estar mais focado na sua própria avaliação;
8) aceitam-se, e reforçam-se, as consequências decorrentes do 1º ciclo de avaliação em termos de progressão, validando-se uma avaliação que os sindicatos qualificaram de “farsa” e de “faz de conta”, além de que os docentes foram incentivados pelos sindicatos a não entregarem os objectivos individuais e a não viabilizarem o modelo integral através da candidatura ao “muito bom” ou ao “excelente”, sendo agora retaliados por essa ousadia, nomeadamente os professores dos 4º e 6º escalões que não estariam sujeitos ao sistema de vagas para os 5º e 7º escalões, assim como os do 10º escalão que se vêem, hoje, impedidos de aceder ao 11º escalão;
9) as implicações anti-democráticas que o novo modelo de gestão terá na constituição da Comissão de Coordenação de Avaliação, promovendo o aparecimento dos apaniguados do(a) director(a), retirará transparência, imparcialidade e seriedade ao processo de avaliação.
Permitimo-nos afirmar, sem qualquer ambiguidade e com toda a frontalidade, que não podemos deixar de lamentar a imagem enganadora que os sindicatos passaram para a opinião pública, ao fazerem da discussão do estatuto da carreira docente e do modelo de avaliação, uma mera questão de quotas e contingentes de vagas, que em nada condizem com a postura que a classe docente sempre manteve ao longo destes anos de luta, onde as suas reivindicações foram sempre além das questões salariais, preocupando-se, isso sim, com questões de exigência, seriedade, transparência, justiça e qualidade da escola pública, onde se integrava, sobretudo, a exigência de acabar com o modelo de avaliação em vigor, algo que os sindicatos desrespeitaram em absoluto.
Um capital de contestação e de concomitante força negocial foi completamente decapitado e desperdiçado por representantes que demonstraram não estar à altura do respeito que lhes deviam ter merecido a mobilização e os imensos sacrifícios de que os professores deram provas ao longo destes quatro anos.
Os Movimentos Independentes de Professores admitem desencadear, em breve, a construção de uma grande Convergência de Contestação às medidas que os professores continuam a rejeitar neste acordo (e pela defesa de outras que ficaram ausentes), procurando reunir na mesma os sindicatos que não assinaram o acordo, os professores que se destacaram na blogosfera e núcleos de professores, organizados escola a escola.
Contem connosco, porque isto não pode ficar assim!
em 10/01/2010 em 11:03
O apelo final ao divisionismo organizado diz tudo sobre os objectivos destes movimentos “independentes”
em 12/01/2010 em 21:55
Estes movimentos fazem uma análise ao que se passa na perspectiva do professor comum e não na perspectiva dos que estão impregnados de interesses políticos.
Estou com eles e revejo-me em algumas injustiças aqui descritas, as quais me poderão cair em cima se isto fôr para a frente.
Vamos continuar com a luta.
em 10/01/2010 em 11:51
Caro Marcos Sequeira,
Felizmente já passaram dois anos e os colegas conhecem bem a nossa postura e empenho neste processo de luta. O seu comentário é ofensivo e desrespeitador do trabalho e dedicação que temos dado a esta causa. Já devia ter percebido que não adianta continuar a lançar, como tem feito, esse tipo de suspeições sobre os movimentos e os professores que neles se envolveram. A nossa participação cívica nesta luta deveria merecer-lhe mais respeito.
A APEDE (para além do contributo que deu para se encontrarem soluções com a elaboração da sua Proposta Alternativa GLobal – http://www.scribd.com/doc/24057446/Proposta-Alternativa-Da-Apede) esteve presente em TODAS as iniciativas e acções de protesto onde estiveram professores, ao longo destes últimos dois anos. Foi assim que interpretámos sempre o espírito de unidade na luta que soubemos preservar. Nem todos poderão dizer o mesmo. A APEDE não tem qualquer intenção divisionista, mas também não se acomoda quando considera que é preciso agir. E é preciso agir. Por isso apelamos e mobilizamos para a continuidade da luta. Importaria saber melhor o que é que pode provocar o divisionismo na classe: se a luta dos movimentos, se os maus acordos que se vão assinando? Já pensou nisso?
A propósito, o que pensa disto:
http://educar.wordpress.com/2010/01/10/a-sondagenzeca-sobre-o-acordozeco-os-resultadozecos/
Curiosamente, caro Marcos, não vimos no seu comentário nenhuma consideração sobre as critícas que fazemos ao acordo. Era interessante que o comentasse também desse ponto de vista.
em 10/01/2010 em 13:09
Estou no essencial de acordo com este comunicado conjunto, e penso que a mesmo tem um significado importante para a luta e para as aspirações dos professores portugueses.
Leopoldo Mesquita
em 10/01/2010 em 14:40
[…] com visibilidade no espaço público – APEDE, MUP e PROMOVA – que anunciaram hoje uma posição conjunta que, do meu p0nto de vista, contém demasiados erros de análise e imprecisões para que possa […]
em 10/01/2010 em 19:00
A APEDE transcreve a posição da colega Maria do Rosário Gama:
Negociações com o Ministério da Educação: Consenso ou Bom-Senso?
Terminou em 2009 um “ciclo avaliativo de Professores”, período de grandes atropelos, injustiças, oportunismos e conflitos insanáveis. A renovação da equipa ministerial e a “abertura” demonstrada no início das negociações fizeram alimentar expectativas que, verifico agora se transformaram em frustrações.
O Acordo de Princípios agora assinado, só relativamente ao Estatuto da Carreira Docente, teve o mérito de responder à luta dos Professores ao terminar com a perversa divisão da carreira entre Titulares e Professores.
É de lamentar, contudo, que de acordo com o constante do ponto 42 do Acordo de Princípios, seja contabilizada a avaliação de Muito Bom dada no ciclo avaliativo de 2007/2009 como condição de transição ao índice 370, contrariamente às restantes condições de transição entre índices. Sabendo que a avaliação correspondente a este período foi realizada debaixo de uma confusão geral que teve origem nas próprias orientações do Ministério da Educação, que incidiu apenas sobre ¼ do ciclo avaliativo anterior e que teve interpretações e desenvolvimentos diferentes nas várias Escolas, criando injustiças neste processo, seja agora condição para a transição em 2012 para professores que cumpriram mais de 6 anos no escalão 340.
No tocante à avaliação mantém-se basicamente o mesmo modelo, substituindo Professores Titulares por Relatores e mantendo um ciclo avaliativo de dois anos.
A avaliação feita pelos pares vai seguramente criar os mesmos constrangimentos e perturbação na relação entre colegas. Um professor Relator passará a ser “odiado” por todos os colegas do seu grupo de recrutamento, com quem coordena, partilha e convive, se atribuir Bom aos que se candidatem à classificação de mérito por se autoavaliarem em Muito Bom ou Excelente.
Nem sempre nos grupos de recrutamento os professores melhor posicionados e por isso em condições de avaliar os restantes, são pessoas com perfil adequado a esta tarefa, ou por serem menos competentes, ou por serem pessoas de má relação e conflituosas.
Há ainda que ter conta a subjectividade resultante de relações privilegiadas ou conflituosas entre docentes do mesmo grupo e nesse caso, o amigo que tenha Muito Bom será visto como privilegiado e o colega, de relacionamento distante, se tiver Bom ou Regular acusará sempre o Relator de não ser imparcial.
Solução para este problema: deveria haver uma componente externa na avaliação dos professores.
O ciclo avaliativo de dois anos gera, do mesmo modo, grandes perturbações na Escola por anualmente ser necessário um somatório de aulas assistidas que impedem o funcionamento normal das actividades escolares. Sendo necessária a classificação de mérito para progredir na carreira, a maioria dos professores vai candidatar-se a ter aulas assistidas. Numa escola de média dimensão, se houver 100 professores a candidatar-se a aulas assistidas, haverá 200 aulas assistidas por cada ano e essa situação passará a fazer parte do quotidiano das escolas com todas as implicações que daí advém para a eficácia do trabalho e relação com os alunos.
Solução para este problema: o ciclo avaliativo deveria ser coincidente com o tempo necessário à permanência no escalão.
Os vectores fundamentais pelos quais lutei nos anos transactos, não se alteraram, o que me leva a pensar que nem sempre o consenso traduz bom-senso!
Maria do Rosário Gama
Directora da Escola Secundária Infanta D. Maria – Coimbra
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A APEDE transcreve a posição dos colegas do blogue Professores Asfixiados:
Um nó na garganta
O acordo de princípios para a revisão do ECD e do modelo de avaliação de desempenho, assinado no passado dia 8 de Janeiro, exige aos professores que pretendam ingressar na carreira a aprovação “numa prova pública de ingresso… que não é exigível aos docentes contratados que já tenham obtido uma avaliação com menção igual ou superior a Bom… “ bem como a outros docentes que já tenham leccionado no ensino particular e cooperativo ou que tenham tido outro tipo de contrato com o ME e uma avaliação equivalente. Os professores que já prestaram de forma adequada os seus serviços ao ME deixam assim de viver e trabalhar permanentemente com a faca encostada ao pescoço, numa ansiedade permanente sob o cutelo da prova de ingresso. Esse facto não pode deixar de ser registado como positivo.
Nestes últimos anos utilizamos (professores e sindicatos) como argumentos pela revogação da prova o facto de o ME promover, com a implementação da mesma, a desconfiança na qualidade das instituições de formação de professores, bem como de querer resolver eventuais problemas nessas instituições (é provável que existam) punindo os jovens mestrados, sem nunca intervir no que realmente é importante, ou seja, na própria formação. A par dessa desconfiança referimos (novamente professores e sindicatos) inúmeras vezes que a prova iria reduzir artificialmente o número de professores desempregados, dado que aqueles que não obtivessem aprovação, apesar de serem professores profissionalizados para o ensino, não poderiam concorrer ao concurso de professores deixando assim de ser contabilizados como eventuais professores desempregados. Os dois argumentos mencionados são válidos e perfeitamente realistas, o problema é que a prova não será revogada. Então não existirá na mesma uma desconfiança sobre a qualidade das instituições de formação? Então o ME não continua a descartar responsabilidades nos cursos de formação, castigando à mesma os formandos depois da conclusão dos seus cursos e da sua profissionalização? Então não iremos ver à mesma disfarçado o número de jovens professores desempregados?
A faca saiu do pescoço… mas fica um nó na garganta de tanto falarmos nos ditos argumentos que deviam continuar vivos enquanto a prova não for definitivamente revogada, enquanto não se apostar seriamente na formação de professores, enquanto se continuar a aligeirar os estágios pedagógicos, enquanto a preocupação dos números estatísticos for o prato servido todos os dias, enquanto se apregoar a necessidade de criar estabilidade e serenidade nas escolas e se continuar a apostar na contratação massiva de professores em detrimento da abertura realista de lugares de quadro.
em 10/01/2010 em 22:19
Confesso ser-me difícil responder à colega Rosário Gama e aos colegas do blogue Professores Asfixiados no blogue da APEDE.
Infelizmente, como parece que a APEDE não é capaz de usar argumentos próprios, tenho mesmo que responder aos de terceiros.
Em primeiro lugar devo dizer que os argumentos destes terceiros, invocados pela APEDE, são contraditórios entre si. Porque Rosário Gama se queixa da injustiça relativa a quem está no índice 340 e se vê impedido de chegar ao índice 370 em 2012, por não ter pactuado com o simplex (estou neste grupo e não é disso que me queixo); já os Professores Asfixiados queixam-se de haver uma prova no final do período probatório que passe a certificar os professores, terminando com a certificação que antes era dada por instituições de ensino em que quase ninguém confia.
Mas a questão é que o acordo não se limita à validação (e às condições em que ela será feita) do ciclo avaliativo 2007/09, nem à extinção da prova de ingresso para os professores contratados.
Além de voltar a equiparar a carreira docente à dos restantes quadros superiores (último índice salarial), termina com a distinção funcional entre trabalho docente e trabalho de coordenação e de direcção das escolas; ao mesmo tempo que permite que os 60% de “zecos” que não passariam do índice 272 (nem com 40 anos de serviço) possam agora almejar aceder ao índice 370; ao mesmo tempo que abriu portas à negociação dos horários e distribuição do serviço docente; ao mesmo tempo que permitiu abrir negociações com vista à realização de um novo concurso, com vagas a sério, já em 2011 (o que permitirá a entrada na carreira a milhares de contratados que doutra forma continuariam eternamente precários).
Já vai longa a minha resposta, e ainda por cima extravasa a resposta às questões colocadas pela Rosário Gama e pelos Professores Asfixiados. Por certo que a APEDE me desculpará este excesso, sobretudo vindo de “alguém que não conta para estas guerras”.
em 10/01/2010 em 22:53
A APEDE transcreve a posição do colega Mário Carneiro do blogue “O Estado da Educação e do Resto”:
Em desacordo com o Acordo
Já pude ler o texto do Acordo assinado pelo ME e por vários sindicatos. Tentarei ser objectivo e sintético nas observações que me parecem dever ser feitas.
1. Comparando a primeira proposta de Acordo de Princípios entregue pelo ME aos sindicatos, há uns dias, com o texto final agora assinado, verifica-se o seguinte:
a) dos diversos pontos e alíneas que compõem o Acordo, mantiveram-se intactos, entre a primeira versão e a versão final, 62 desses pontos e alíneas;
b) houve 10 entradas de texto (desde a introdução de uma palavra até à construção de um parágrafo novo);
c) Houve 4 saídas de texto (desde a retirada de uma palavra à omissão de um parágrafo).
d) Curiosamente, a parte que foi mais mexida foi o Preâmbulo…
2. As entradas no texto foram:
a) a referência, no n.º 1, à educação especial;
b) a ressalva, no n.º 3, da não aplicação da prova de ingresso aos professores contratados, aos que já trabalharam em estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo, em Instituições Particulares de Solidariedade Social e àqueles que exerceram funções no Ensino Português no Estrangeiro, e que já tenham tido uma avaliação com a classificação de Bom ou equivalente;
c) a introdução, no n.º 11, da possibilidade do professor poder renunciar, no fim de cada ano escolar, ao exercício de funções relacionadas com uma especialização funcional que tenha adquirido (ex.: supervisão pedagógica, avaliação do desempenho, etc.);
d) o requisito, no n.º 23, da eleição, no Conselho Pedagógico, dos três docentes que, com o director, formarão a Comissão de Coordenação da Avaliação e, igualmente, a componente fixa do Júri de Avaliação;
e) a referência, no n.º 25, ao desejo de, tendencialmente, o professor Relator ter formação especializada;
f) a introdução, no n.º 27, de um representante da Direcção Regional de Educação no Júri Especial de Recurso;
g) a promessa, no n.º 28, de que o ME vai promover acções de formação concretas [sic] sobre avaliação durante o ano de 2010;
h) o esclarecimento, no n.º 38, da transição, dos docentes posicionados no índice 245, para o novo modelo;
i) idem, no n.º 42, alínea c) para os docentes no índice 340;
j) a introdução, no n.º 44, do factor de compensação (0,5) para os professores com a classificação de Bom que, por efeito das quotas, não transitem de escalão na altura devida.
Destas 10 entradas, o que há de positivo é a referência à educação especial, a isenção da prova de ingresso aos professores já avaliados e a eleição dos três membros para a Comissão de Coordenação da Avaliação. Tenho dúvidas se a introdução do factor de compensação, comparado com o texto da primeira versão, traz algum real benefício, e não tenho dúvidas de que a inclusão do representante do Ministério no Júri de Recurso não traz nenhum benefício à situação do professor que recorrer da sua classificação.
3. As saídas de texto foram:
a) No n.º 5, as quotas no acesso ao 3.º escalão;
b) No n.º 7, as palavras: «e demais elementos relevantes para a avaliação»;
c) No n.º 27, alínea c), o docente eleito pelo Conselho Pedagógico para fazer parte do Júri de Recurso;
d) No antigo n.º 39, a obrigatoriedade de permanecer 5 anos no índice 340, para quem ascendesse a esse nível, no ano 2010.
Destas 4 saídas, é positiva a ausência de quotas no 3.º escalão. O restante ou é indiferente, como é o caso do n.º 39, em que essa obrigatoriedade é mantida no articulado subsequente, mas expressa por outras palavras, ou é mau, como no caso da retirada do professor eleito para o Júri de Recurso e substituído pelo representante do ME.
Sabendo-se que, por via parlamentar, estava garantido o fim da divisão da carreira e o fim das quotas, o que é que o Acordo tem de objectivamente positivo?
Resposta: a referência à educação especial; a isencão da prova de ingresso para os professores já avaliados e a eleição dos três professores para a Comissão de Coordenação da Avaliação. Nada mais.
A ausência de quotas no 3.º escalão não é um ganho, é uma perda. É uma perda comparado com o que existia, mesmo com o que vinha do Governo anterior, e é uma perda comparado com o que, por via parlamentar, seria provável alcançar: terminar totalmente com as quotas.
Para além disso, este acordo consagra, na prática, o simplex de Maria de Lurdes Rodrigues, que foi, justamente, vilipendiado pelos professores e pelos sindicatos. Mas, agora, os sindicatos já o consideram menos mau. Porquê?
A Fenprof tinha entregado ao ME um texto denominado «Contrapropostas» constituído por vários pontos considerados essenciais. Desses pontos considerados essenciais, mais de 75% foram recusados pelo ME. Sendo assim, a Fenprof assinou o Acordo porquê?
A farsa da avaliação vai continuar exactamente como decorreu neste último ano, mas agora com uma diferença: no último ano, a farsa e as barbaridades cometidas, tiveram a oposição dos sindicatos, a partir de agora terão a conivência dos sindicatos.
Nada está preparado (não há formação de médio e longo prazo para os avaliadores), e nada está assegurado em termos de seriedade do processo (vão continuar a ser os amigalhaços dos directores, como genericamente tem acontecido, a controlar de modo incompetente o processo de avaliação).
A vergonhosa avaliação que foi realizada na maioria das escolas é premiada neste Acordo. Essa avaliação vai ter já consequências na progressão da carreira. Afinal, o crime compensa.
A avaliação formativa ficou na gaveta. Os ciclos avaliativos de 4 anos ficaram na gaveta. A eleição dos avaliadores ficou na gaveta. O fim das condições de compadrio ficou na gaveta. A credibilização dos avaliadores ficou na gaveta. Uma duração justa e equilibrada da carreira ficou na gaveta. A recuperação da dignidade profissional ficou na gaveta.
O faz-de-conta da avaliação vai prosseguir, o oportunismo vai prevalecer, as injustiças vão alastrar e a Educação vai-se degradar ainda mais.
Sócrates tem razões para estar satisfeito. Eu, enquanto professor, não tenho.
em 10/01/2010 em 23:12
Agradeço à APEDE a forma pressurosa como procura informar-me sobre as posições de outros colegas.
Já conheço a posição do colega Mário Carneiro desde ontem, altura em que a li no blogue do próprio.
Discordo dela, mas não é aqui que vou contestá-la.
Evidentemente que continuo a lamentar que a APEDE não me responda directamente e me remeta para terceiros mas, tal como no caso do acordo, não posso querer tudo e tenho que me contentar com o possível, desde que isso não fira os meus princípios.
Na verdade o que lamento é que se continue a confundir o fundo das costas com o fundilho das calças, mas também não posso obrigar a que todos usem os mesmos óculos para ler o mundo.
em 10/01/2010 em 23:07
E, para finalizar, a APEDE considera muito esclarecedor e revelador que haja quem considere ser difícil responder a posições de terceiros no blogue da APEDE quando, ao longo do tempo, nunca teve qualquer prurido em responder a posições da APEDE em blogues de terceiros e que, no seu próprio blogue, não permite sequer que se comentem, sem moderação prévia, as suas posições. Perante isto a APEDE decidiu não responder a quem procede assim, e nunca por falta de argumentos, que existem, e bem fundamentados, nas posições que tomamos.
em 10/01/2010 em 23:13
Evidentemente que continuo a lamentar que a APEDE não me responda directamente e me remeta para terceiros mas, tal como no caso do acordo, não posso querer tudo e tenho que me contentar com o possível, desde que isso não fira os meus princípios.
Na verdade o que lamento é que se continue a confundir o fundo das costas com o fundilho das calças, mas também não posso obrigar a que todos usem os mesmos óculos para ler o mundo.
em 10/01/2010 em 17:26
Mais uma vez são os movimentos a puxar a carroça, o que aqui se escreve é completamente na mouche. Este acordo não passa de um memorando 2, o resto é conversa para enganar tolos. Ainda bem que há gente que não se deixa enrolar nem se vende por um prato de lentilhas, Não desistam colegas. Só vos posso agradecer a garra e determinação, sem a qual isto ainda estaria muito pior do que já está.
em 10/01/2010 em 19:01
Caros colegas! Se não fosse o vosso esclarecimento sobre o que foi acordado com os ” VENDIDOS ” dos Sindicatos, ainda agora estaria sem perceber patavina dos Escalões e mudanças.
Sabem o que eu acho: Esta Ministra deve estar a pensar: COM PAPAS E BOLOS SE ENGANAM OS TOLOS ”
Tenho muita pena deste faz de conta…. Nós é que somos os culpados.
Obrigado pelos esclarecimentos
em 11/01/2010 em 00:52
APEDE, MUP e PROmova, deviam juntar-se para constituir a ordem de professores! Fazem falta!
em 11/01/2010 em 11:08
Cara Cristina Ribas,
Independentemente da questão de saber se se justifica ou não, nas condições presentes e em termos gerais, a criação de uma Ordem de Professores (pessoalmente tenho sérias dúvidas sobre isso), um tal objectivo é, neste momento preciso, a última coisa em que se deve pensar, na medida em que tal equivaleria a deixar nas mãos das direcções sindicais que agora assinaram o “acordo de princípios” a responsabilidade exclusiva por matérias (a estrutura/progressão na carreira e a avaliação de desempenho) relativamente às quais tais direcções sindicais desmereceram a nossa confiança. Mesmo outras questões fulcrais, de que me permito destacar a do tempo de trabalho dos professores e a respectiva organização, que serão objecto de negociações próximas com o Governo, não devem, a meu ver, ser deixadas exclusivamente nas mãos daquelas direcções sindicais.
em 11/01/2010 em 00:55
Colegas, perdoem-me a intervenção, mas a unidade da classe deve permanecer intacta e devemos continuar a construí-la! É fundamental. Não creio que os movimentos independentes, queiram estimular divisões mas, tão somente, continuar a trabalhar por determinados objectivos! E isto não pode ser feito uns contra os outros, mesmo quando pensamos de forma diferente!
Um abraço
em 11/01/2010 em 21:03
Ao ler o acordo de princípios entre o ME e os sindicatos fiquei estupefacta. Como se pode apoiar o que estava mal na avaliação promovida pelo ministério de MLR?
Se a divisão da carreira foi anulada, como se pode considerá-la no artigo 37 do acordo para progresão do índice 245 para o 299?
Como se podem admitir quotas, sabendo que há tanta incompetência nos topos?
Como se podem violar regras de querm estava na carreira há tanto anos sem qulquer contemplação?
Se o problema é a despesa pública, os sindicatos não tinham por obrigação exigir a diminuição dos luxos do estado dos senhores ministros, secretários, assessores, sub-secretários, etc etc?
Qualquer dia tenho a oimpressão que isto só vai com ataques de rua….
em 12/01/2010 em 21:41
Concordo plenamente com a palavras de Cristina Ribas. Temos de continuar unidos e contar com os movimentos de professores para levarmos por diante as nossas contestações. É necessário que, em cada escola, se trabalhe no sentido de mostrar que este Acordo é gerador de injustiças, uma vez que coloca uns professores a serem avaliados e a estarem sujeitos a quotas, e outros a progredirem em continuum. Por outro lado, volta a causar rivalidades, ódios e escaramuças porque implica que um professor seja alvo de avaliação nem sempre rigorosa e imparcial.
Importa também exigir ao ME a contagem do tempo de serviço em que a classe docente esteve “congelada”.
em 13/01/2010 em 22:20
Pelas opiniões que vou ouvindo na minha escola ainda não ouvi ninguém defender este acordo.
Cada vez mais me pergunto para que nos servem os sindicatos. E os partidos da oposição? Tanto à esquerda como à direita vêm todos pregar para as televisões como se as alterações introdizidas fossem realmente de enaltecer; estou em crer que eles não fazem grande ideia do que estão a falar e como os espectadores afinam pelo mesmo diapasão, lancem-se os foguetes, apanhem-se as canas, e se alguém sair chamuscado serão certamente os do costume: os professores!
Assim sendo, cabe-nos demonstrar que as coisas continuam muito mal e que, por muito que os políticos apregoem, este acordo ainda não é o caminho.
em 15/01/2010 em 16:51
Concordo que este acordo demonstra cansaço dos dirigentes das duas maiores organizações sindicais (fenprof e fne), porque as outras que assinaram, acabaram por ter uma estratégia de os seguir. Estava para me sindicalizar na fenprof mas com esta traição, não o farei como é obvio, vou estar atento, pois encontro-me no 5º escalão dos novos, com quase 23 anos ( passei em Maio) indice 235, e pelo que li acho que a escola pública vai passar um mau bocado,aliás está a passar, pois a tutela não sabe dos verdadeiros problemas das escolas, porque se soubesse não tratava assim os seus agentes: alunos, professores,auxiliares de educação, administrativos. Isto é uma escola do faz de conta e na vida real o mundo é a valer. Aos 56 anos, fui pela primeira vez para a rua lutar por uma escola pública, que engrandeça o nosso país e seja orgulho de todos os portugueses, estive em todas as grandes manifestações, e conto estar se assim o achar nas próximas……….., a escola deve ser local de aprendizagens, de afectos, de tolerância, compreensão, tudo o que possa trazer alegria, enriquecimento intelectual a todas as nossas crianças, adolescentes e adultos, NUNCA um local de inveja de ódio e de conflito, que parece ser o caminho do acordo.
em 13/04/2010 em 13:11
[…] 13, 2010 por fjsantos Os “Grandes Educadores dos Professores Portugueses“, verdadeiros mestres da arte de bem contestar as políticas educativas, têm andado […]