Os sindicatos que temos
Esta notícia já tem alguns dias, mas, a ser verdadeira, o seu conteúdo é tão surreal que um comentário se impõe. Então os mesmos sindicatos que convocaram a “grandiosa” greve geral de 24 de Novembro (dia em que já tudo estará arrumado do ponto de vista legislativo) estão também a dar uma mãozinha ao governo para que os cortes salariais na Função Pública sejam feito assim em vez de serem feitos assado?!
Já estamos a antecipar os gritos histéricos dos fanáticos do sindicalismo-que-temos: lá estão os malandos do anti-sindicalismo, que não percebem como as direcções sindicais são boazinhas e responsáveis, e que até estão a negociar com o governo para que os trabalhadores não sofram tanto com as reduções de salários. Isto é: para que eles sofram só um «bocadinho»…
Mas negociar tal coisa não é aceitar o princípio de que os salários possam ser reduzidos, desde que de uma certa maneira?
Pergunta-se: para quê então a greve geral, a não ser para marcar presença numa encenação de contestação absolutamente inócua nos seus efeitos?
O combate dos trabalhadores impõe-se cada vez mais. Sem dúvida. Mas ele não passa, não pode passar, por estes teatros de sombras e por estes bastidores mal frequentados.