A luta dos professores no futuro – 2: Porquê lutar (continuação)
2 – Para além do combate essencial por uma gestão democrática das escolas, que passa pela eliminação imediata da figura do director-tiranete e correia de transmissão do Ministério da Educação, os professores vão ser confrontados, já neste ano e no próximo ano lectivo, com todas as medidas altamente gravosas que decorrem do Orçamento de Estado que o PS – com a mais que provável benção do PSD – se prepara para impor ao país.
Essas medidas orçamentais não vão ter um alcance meramente financeiro. Elas constituem, de facto e na prática, uma completa reconfiguração das relações laborais no seio das escolas, do seu funcionamento, da posição de cada professor no quadro da estrutura escolar, etc. Tais medidas inserem-se, pois, na forma como os poderes vigentes se estão a aproveitar da crise para transformar radicalmente, num sentido opressivo e fascizante, a paisagem social onde vivemos, destruindo direitos sociais tão duramente conquistados e que tínhamos (pobre ilusão) por adquiridos.
O brutal corte na dotação orçamental prevista para o ensino vai criar a oportunidade para que o Governo acentue ainda mais, e de forma tendencialmente irreversível (se não houver resistência), os aspectos mais graves da proletarização dos professores:
– Como o Paulo alertou aqui e se pode ouvir aqui, está em curso o desiderato de pôr os professores a fazer, nas horas da sua componente não lectiva, o que hoje é feito por professores contratados. Em nome da «optimização» dos recursos, promete-se o desemprego certo a milhares de professores que são o elo mais fraco do sistema, e sobrecarrega-se com tarefas adicionais os professores de um quadro cada vez mais fragilizado.
Se a isto juntarmos o agitar de chantagens e de medos por parte das direcções das escolas, alinhadas que estão com quem lhes protege o poleiro, temos o cenário completo de um futuro profissional miserável e depressivo, ainda para mais privado de qualquer horizonte de progressão material.
Os professores vão ficar mais pobres e mais explorados.
E esta é outra razão de peso para se insurgirem.