Contrariando ideias-feitas, pensamentos que se supõem únicos e muita preguiça mental
«Pensar o impensável na Europa» é o título deste artigo do economista Dani Rodrik. Como se poderá ver pelo currículo do autor, estamos perante alguém que lecciona numa instituição universitária de ponta, e o conteúdo do artigo deixa perceber que não se trata de um “perigoso” esquerdista radical. É simplesmente um indivíduo que, sem abandonar um raciocínio europeísta e até favorável à existência de algo como uma «zona euro», se limita a suscitar uma hipótese bastante razoável:
Perante a ausência de instituições políticas federais na União Europeia, à maneira das que existem nos Estados Unidos, capazes de funcionar como amortecedores de assimetrias económicas entre diferentes regiões num espaço dotado de uma moeda única, perante a inexistência, em suma, de uma união política correspondente à união monetária e financeira, pode fazer sentido que certos países, confrontados com medidas de «austeridade» que apenas conduzem a uma recessão económica sem fim à vista, abandonem o euro, regressem às suas moedas nacionais, obriguem a uma renegociação da dívida com os seus credores e rompam com uma política que insistem em transferir para os trabalhadores os custos de uma crise forjada pelo sistema financeiro.
Se combinarem o raciocínio de Rodrik com o argumento aqui desenvolvido por Daniel Oliveira sobre o caso islandês, então a tese do economista da Universidade de Harvard ainda faz mais sentido.
Será que os políticos pequeninos, que couberam em sorte aos povos de Portugal, da Espanha, da Grécia e da Irlanda, alguma vez acordarão para essa possibilidade (que, claro está, sairia reforçada por uma decisão conjunta tomada pelos governos desses países)?