Precários e precários e precários…
Hoje um número impressionante de muitos milhares de pessoas desfilou, de norte a sul do país, contra a precariedade que o poder político e económico quer impor como regra para quem trabalha. Precariedade no emprego, que significa também precariedade nos projectos de vida, precariedade nos laços sociais e afectivos, precariedade no presente e no futuro. A precariedade como norma, salvo para os reais detentores do poder – pois, num mundo de desigualdades crescentes, a precariedade não é para todos.
Nas análises que predominam por aí, os precários são invariavelmente associados a uma certa geração, aquela que terá agora entre vinte e cinco e trinta e poucos anos, a dita «geração à rasca». Há que dizer, no entanto, que hoje há várias, há muitas gerações «à rasca». Os que contam 40 ou 50 anos e que têm sido despedidos ou que acordam subitamente em empresas falidas não estão menos «à rasca» do que os jovens com contratos precários e recibos verdes. Talvez até estejam mais, pois o seu futuro é de uma incerteza ainda maior e mais dramática. O argumento dos que pretendem opor a geração «dos filhos» à geração «dos pais» não resiste, pois, a uma análise rigorosa. Nos dias que correm, a precariedade conjuga-se no plural.
Daí que as manifestações de hoje não tenham contado apenas com os chamados «jovens», mas com todos aqueles, de todas as gerações, que sentem que é chegado o momento de dizer «basta».
em 13/03/2011 em 10:13
É exactamente isso!
Há muito que é necessário dizer basta!
em 14/03/2011 em 13:51
Já vários analistas referiram com propriedade que a precarização não é fenómeno exclusivamente nacional, bem pelo contrário. É um movimento generalizado no espaço europeu, imposto pelos poderes transnacionais com vista a extrair ainda maiores lucros, apoveitando a onda criada com as massiças transferências de indústrias e manufacturas para o oriente. Impunha-se portanto uma estratégia de caracter internacional, mas a política externa portuguesa sempre foi avessa a iniciativas nesse âmbito. Foi sempre escolhida a opção da mais rasteira subserviência aos interesses alheios. Um seguidismo abjecto e completamente indiferente aos mais importantes anseios pátrios. É por isso que muita gente se espanta com o facto de ainda nem sequer ter sido mínimamente esboçada uma aliança entre os países do PIGS. Estes palhaços estarão à espera do quê para se reunir e exigir uma restruturação das dívidas??? Concerteza que os que nos emprestam, têm o maior interesse em emprestar ao juro mais alto possível!!! E tudo farão para que esse juro cresça inda mais. Estamos alarmados com os nossos 8%, enquanto os gregos já estão nos 13% (que é o que nos espera).