A caminho da demolição completa dos direitos sociais de quem trabalha (e longe das alternativas)
Em dois “posts” (este e este) que têm tanto de didáctico como de brilhante, o blogue «Ladrões de Bicicletas» explica como o PSD coelhoso e o PS socratino (ou a dita “esquerda” que capitulou completamente diante dos interesses da banca e dos grandes grupos económicos) se preparam para demolir o que resta dos direitos sociais dos trabalhadores e para nos fazer regredir a níveis de miséria de século XIX – com a diferença paradoxal de que agora temos muita «tecnologia».
Votem no PSD de Passos Coelho, votem, e verão o que vos espera (se votarem no PS de Sócrates, o resultado não será substancialmente diferente).
Há quem esteja a apelar a uma convergência do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista para que dela saia, pelo menos, um programa comum que se apresente como alternativa. Tendo em conta o passado recente desses dois partidos, parece-nos que esse apelo vai cair (já caiu) em saco roto.
Mas há algo nesse apelo que faz sentido. Os partidos de esquerda em Portugal têm a obrigação, moral e política, de não serem apenas “do contra” e de apresentarem uma alternativa global de governação consistente e credível. Não basta afirmar, como Louçã ou Jerónimo de Sousa têm feito até à exaustão, que os serviços públicos têm de ser salvaguardados, que a Saúde e o Ensino têm de ser gratuitos para todos os portugueses, que as pensões de reforma têm de ser aumentadas, etc., etc. É preciso mostrar, com as continhas todas feitas, como é que tudo isso pode ser financiado no quadro da crise económico-financeira actual.
E é também necessário que esses dois partidos mostrem como, estando no governo, enfrentariam as exigências e as chantagens de Bruxelas e de Angela Merkel. Como é que conseguiriam compatibilizar um programa de defesa dos direitos sociais com os níveis actuais de endividamento do Estado, das empresas e dos particulares? Como é que conciliariam tal programa com uma situação em que o Estado se vê forçado a financiar-se junto de uma banca europeia que lhe impõe juros incomportáveis? É viável uma política de esquerda que rompa com esta lógica sem que o país se afunde na bancarrota?
Em suma, o BE e o PCP têm a obrigação, se quiserem que os eleitores os levem a sério, de se imaginarem, não como simples partidos de protesto mais ou menos inconsequente, mas como partidos de governo. Mesmo que a probabilidade de chegarem à governação do país seja, para eles, uma miragem inatingível. Enquanto esses partidos não fizerem esse trabalho, enquanto toda a gente desconfiar que a pior coisa que lhes poderia acontecer seria, de facto, chegarem ao governo – porque aí estariam confrontados com toda a sua inconsequência -, o BE e o PCP continuarão a anos-luz de se constituírem como alternativa para este país.
em 28/03/2011 em 13:39
Segundo esta análise com a qual concordo plenamente, terá de seguir-se um corolário incontornável. Estando completamente armadilhada a via partidária tradicional, com as eventuais saídas capturadas pelas cliques habituais, a única atitude sã e digna que nos resta é votar macissamente NULO!!!! Não nos devemos alhear do acto escrutinador (é o que eles adorariam) nem votar branco porque alguém poderá sempre pôr lá uma cruzinha onde der jeito. Vamos todos votar NULO para mostrar como rejeitamos as pseudo-alternativas para onde os mesmos de sempre se afadigam em nos conduzir mais uma vez!!!!
em 28/03/2011 em 18:21
Pois, Zé. Mas já sabes que o povão vai lá colocar os mesmos de sempre: Dupont e Dupond.
em 28/03/2011 em 23:20
Entretanto dizem-nos que o sr. Sousa foi novamente reeleito para sec. geral do maior partido com uma percentagem superior a 90%. Maravilha! Mas vendo com mais atenção ficamos a saber que, afinal de contas, o pseudo-engenheiro foi de facto eleito por cerca de 20% dos membros do partido, donde se conclui que a esmagadora maioria dos socialistas quer distância do animal feroz. Se isto é assim dentro do partido….