APEDE


E agora um pouco de baixa política

Posted in O chamado «Partido Socialista» por APEDE em 10/04/2011

O congresso do injustamente denominado «Partido Socialista» está a confirmar tudo o que escrevemos aqui. O PS é hoje uma organização completamente autista, dominada pela mera febre de conservação do poder pelo poder (e pelas mordomias que o mesmo proporciona, mesmo em tempo de vacas esqueléticas) e de uma total subserviência em relação ao medíocre que o lidera. Qualquer ponte do PS com uma política alternativa ao austeritarismo do FMI e com os partidos que a poderiam protagonizar foi queimada neste congresso. E foi-o por aqueles em quem algumas pessoas desses partidos chegaram a depositar alguma esperança. Ouvir hoje Ferro Rodrigues a prestar vassalagem a Sócrates (como vão longe os tempos do Féfé do Movimento de Esquerda Socialista!) ou o discurso de pseudo-esquerda do “poeta” só mostra como foi imenso o equívoco em que o BE incorreu no apoio ao «alegre» que «se fez triste».

Diga-se de passagem que, hoje, a suposta “esquerda” no interior do PS fez o hara-kiri político definitivo. Todos os que anseiam pela concretização de uma política alternativa às imposições do FMI ficaram hoje a saber – se nutriam ainda alguma ilusão – que o PS não tem ninguém com que possam contar.

Mas, dito isto, é preciso acrescentar que este PS totalitariamente (e oportunisticamente) rendido a Sócrates é também uma máquina de guerra eleitoral. Os que já dão Sócrates como morto e enterrado vão ter, provavelmente, de refazer as contas. O PS está coeso – mesmo que seja a coesão à volta do vazio. Mas este vazio pode ter ainda a força de arrastar consigo muita gente que, rendida  aos artifícios retóricos de Sócrates & Co., lhe vão dar o voto a 5 de Junho.

É possível (é quase certo) que, com isso, o PS não renove a maioria relativa. Mas pode perfeitamente obter uma votação que lhe dê argumentos de peso para ocupar um lugar de destaque no centrão governativo com que vários andam a sonhar. E ocupá-lo com Sócrates. Que é, obviamente, o que Sócrates mais quer. Praticamente (pateticamente) sem oposição dentro do PS.

Com o centrão garantido como forma de governo, com os partidos de esquerda acantonados na escassez da sua representação parlamentar, com os sindicatos atarantados e presos a “formas de luta” esvaziadas e desacreditadas, com os cidadãos anestesiados pela estratégia do choque e do pavor, o maior rolo compressor neoliberal que o país já viu terá todo o caminho facilitado: Dupond e Dupont vão ser os seus executores fiéis.

Tudo isto é triste, tudo isto existe, e nada disto deveria ser o nosso fado.

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