O crime maior de José Sócrates & Co.
De todos os crimes de lesa-governação praticados por Sócrates y sus muchachos avulta agora um que ultrapassa todos os outros: o facto de Sócrates ter deixado arrastar a crise das contas públicas a um ponto insustentável por mero calculismo político-eleitoralista (pensando que ainda ia a tempo de passar para o PSD o ónus do pedido de “ajuda” ao FMI ou até de ganhar as eleições e de ser ele mesmo, confortado pela reeleição, a efectuar esse pedido).
Que as tesourarias dos vários Ministérios estejam praticamente vazias deixa este país sem alternativas. E, muito provavelmente, sem alternativa ao próprio FMI. Porque a necessidade de obter liquidez num prazo extremamente curto coloca os responsáveis políticos na necessidade de recorrer à instituição que, nesse prazo e de acordo com as regras em vigor na cena internacional, está em condições de prover a uma urgência tão desesperada.
O maior crime de Sócrates & Co. é ter-nos deixado de pés e mãos atados, prontos para sermos entregues aos predadores internacionais como cordeirinhos. E a ter de engolir as imposições mais degradantes e destruidoras do nível de vida de quem trabalha. Sendo agora muito mais difícil conquistar margem de manobra – algo que requer tempo, que envolve a construção de alianças transnacionais com países em situação similar e que não é, por isso, compatível com o desespero do curto prazo.
Há certamente muitas culpas no cartório e muitos outros culpados. Mas o crime mais imediato e mais imediatamente gravoso tem um rosto: o do pior primeiro-ministro que já nos coube em sorte (proeza difícil num país em que um Pinheiro de Azevedo ocupou esse cargo).
em 21/04/2011 em 18:19
Infelizmente para os moradores do rectângulo, a coisa ainda é um pouco mais grave. As sondagens mais recentes apontam o sr. Sousa como novamente favorito, apesar do desastre para onde precipitou o país e isso é um evidente sintoma de vários fenómenos, qualquer deles preocupante. Significa que a poderosa máquina de propaganda do animal feroz e seus acólitos continua a trabalhar em pleno e a conseguir desinformar vastos sectores do povão. Significa tb que muita gente está completamente anestesiada pela estratégia dos CHOQUES e do discurso da inevitabilidade e se encontra prontinha a embarcar seja no que for. Por outro lado, o sr. Coelho mostra-se incapaz de se constituir como real alternativa e não consegue construir uma esperança consistente que inverta o caminho, chegando até a querer ultrapassar o “amigo” com algumas guinadas à direita. Temos portanto de fazer alguma coisa rapidamente!!!
em 21/04/2011 em 18:36
De Passos Coelho e do PSD não esperávamos nós outra coisa. E estamos em crer que, na conjuntura actual e perante a completa subserviência dos “principais” partidos (os tais do tal “arco da governação”) face aos ditames da UE e do FMI, é totalmente indiferente que seja o Sócrates ou o Passos a ocupar o cargo de primeiro-ministro. Por outro lado, dada a incapacidade de os partidos de esquerda mobilizarem as pessoas para propostas alternativas de fundo – que eles até têm, mas que ninguém ouve -, antevemos que a saída paradoxal disto tudo acabará por vir dos próprios credores, quando perceberem que a asfixia a que nos estão a condenar acabará por se estender a eles. É uma saída obviamente incerta, que implicará muito sofrimento pelo meio e que se irá constituir como um desenlace profundamente triste: ao fim de trinta e tal anos de democracia, não conseguimos uma cidadania minimamente desperta para lutar pelos seus direitos no preciso momento em que estes sofrem a maior ameaça de sempre. Perante isto, temos de nos admirar com a nostalgia que tanta gente experimenta, no seu íntimo, pelo abutre de Santa Comba?