Está enganado. Por mais que tresleia… não acerta. Não poderia ficar “entusiasmado” com a vítória do líder de um partido que tem o programa que tem e que eu analisei aqui:
Apenas me limitei, no comentário que fiz no “Umbigo”, a assinalar a derrota sentida pelos tradicionais comentadeiros socráticos, acrescentando ainda o seguinte:
“creio que Sócrates terá tido o 1º dia do resto da sua vida política, a caminho de um funeral breve e curto. A bem da nação, assim o espero. Mesmo que o futuro não se anuncie glorioso, seja qual for o resultado eleitoral.”
Realmente desejo a derrota de Sócrates, como qualquer professor desejará. Partir daí para afirmar que fiquei “entusiasmado” com a vitória no debate do PPC (considerando as expectativas iniciais de todos os analistas) é o tipo de afirmação que só descredibiliza quem a faz. Basta ler o que escrevo no final do parágrafo. Sinceramente, estou um bocadinho cansado de responder a atoardas… embora perceba a intenção e objectivos.
Se algum movimento ou blog tem dado provas de uma consistente, coerente e insistente postura crítica face ao PSD, à sua postura e ao seu programa, tem sido precisamente a APEDE.
Mas eu percebo que o caro Leitor não deseje a derrota de Sócrates. Percebo até muito bem. Veja lá é se as contas não lhe saem de novo furadas como aconteceu em 2009.
Ainda bem. Já somos dois.
Embora a questão não seja tanto desejar apenas a derrota de Sócrates, mas contribuir activamente para a derrota das políticas que nos últimos 35 anos levaram o País e a Escola Pública à situação deprimente em que estamos. Mas isso já era exigir demais à APEDE.
Claro, a APEDE não fez nada nesse sentido, não tem contribuido nada nada nada para a inversão do rumo do País e da Escola Pública. O caro Leitor é que se tem destacado pelas suas iniciativas públicas, tomadas de posição, manifestações, contactos parlamentares, elaboração de propostas de reorganização da Escola Pública, etc., etc. Aliás, nem sei como tem tempo para perder com a APEDE, com um país inteiro para salvar à sua espera.
E já agora convém frisar bem o seguinte: quem define a agenda e o programa de acção da APEDE é a própria APEDE, não o caro Leitor ou a organização/objectivo que o comanda. E lembro ainda que a APEDE não quer, nem quis nunca, transformar-se em algo diferente daquilo que sempre foi e como se assumiu no momento da sua criação. Não queremos ser sindicato, nem queremos ser partido político ou tomar num deles alguma posição ou conquista de lugar. Foi isso que muitos pensaram e levianamente acusaram ao longo destes tempos: que queríamos protagonismo e um tacho qualquer. Estiveram e continuam a estar enganados. Continuamos a ser o que sempre fomos: professores que formaram uma Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino. Com a independência e coerência de sempre, criticando o que entendemos dever criticar, tomando as posições que entendemos dever tomar, a cada momento, em defesa dos nossos princípios. Não é com parco orgulho que ao fim destes anos podemos continuar a afirmar e a agir de acordo com esta filosofia. Por muito que isso custe a quem gostaria de nos ver desaparecer. Acontece que quanto mais esse desejo é notório mais força temos para continuar.
Não se trata de presunção alguma, são simples factos. A que acresce a situação de sermos professores no activo, com as responsabilidades e trabalho inerente, sem reduções para a luta e sem qualquer tipo de “ajudas de custo”. Presunção é a sua, que vem aqui “cobrar” o que não pode quando devia era reconhecer o trabalho e a contribuição que temos dado à luta dos professores e ao reforço da intervenção cívica e da cidadania.
Mas isso, sei-o bem, já era exigir demais de si.
Já que o empenhado leitor parece não gostar nada dos contributos da APEDE para a luta, isso leva-me a pensar que deverá gostar mais de contributos oriundos de OUTROS lados. Da imensa panóplia que poderia citar, lembro apenas alguns que me parecem bastante “interessantes”. O maior sindicato de professores do país desconvoca a célebre “Marcha pela Educação”, anuncio esse feito em cima da hora para que ninguém tenha tempo de reagir, e ainda tem a distinta lata de apontar como nova data o próximo ano. No comments! O lider do mesmo sindicato declara aos media que agora NÂO É TEMPO DE LUTAR! Se quando vivemos a situação mais grave não se deve lutar, só se pode concluir que NUNCA se deve lutar.Termino só com mais um facto. Na última concentração de docentes frente ao ME, um grupo de controleiros da CGTP devidamente identificados tentou impedir os professores de realizarem o seu protesto. Claro que estes não se deixaram amedrontar e mantiveram a sua acção, levando o pequeno rebanho amestrado a abandonar o local de orelha murcha. Para exemplificar contributos para a luta, estes factos dizem bem de que lado se está e para onde se quer ir. Ou estarei enganado? É preciso mais exemplos?
Já agpra que estamos numa de perguntas: onde estava o caro Leitor no dia 15 de Novembro de 2008, no dia 24 de Janeiro de 2009 e no dia 19 de Setembro do mesmo ano? Se pudesse esclarecer-me agradecia.
Não sou dos que deixa as perguntas sem resposta:
Em 15 de Novembro 2008 estive a observar a concentração no Marquês até às 15.00 para uma manifestação que se previa estivesse em S. Bento às 14.30!
Fui depois para casa e segui pela TSF o resto.
Como por exemplo as lamentáveis declarações de Ricardo Silva:
“Estamos aqui os genuínos, nenhum é político, nenhum pertence a qualquer sindicato, ninguém pertence a esta casa atrás de mim…”
Em 24 de Janeiro 2009 não fui a Belém porque nunca alimentei expectativas quanto ao posicionamento de Cavaco Silva. E viu-se.
Em 19 de Setembro 2009 também não fui a S. Bento e até me escondi para não ser gozado pelos vizinhos que não sendo professores não percebem certas iniciativas folclóricas e divisionistas .
Mais uma vez atira umas atoardas ao ar, com pouquíssimo respeito pela verdade. Essas declarações que cita, dificilmente poderiam ser minhas, por razões várias, mas uma delas é porque creio nem sequer ter falado para a TSF :). Além disso não me revejo nas mesmas, de todo. Terei afirmado às tv’s, isso sim, que não éramos realmente sindicalistas, mas professores independentes, e isso tinha até um contexto óbvio pois MLR afirmara, uma semana antes, que os professores eram totalmente comandados pelos sindicatos. Pois bem, estavam ali 15 a 20 mil professores que não tinham sido convocados por nenhum sindicato. Claro que o Leitor prefere lançar atoardas a contextualizar correctamente as coisas. Já estou habituado. Quanto ao resto… lembro-me bem de ter dito que aquela era a casa da cidadania e daí a importância da manifestação se dirigir precisamente ao Parlamento. Onde fomos recebidos logo de seguida, por sinal. Lamentável, mas mesmo lamentável, é o facto de considerar que professores que deram e continuaram a dar o seu melhor em prol da classe não passam de uns divisionistas. Percebo bem que, para si, tudo o que escape às ordens superiores da nomenklatura seja encarado como divisionista, percebo até a alergia e acidez que tal lhe provoca. Também compreendo que lhe tenha custado imenso ter de engolir a sede de “sangue” que o animava às 14 h de dia 15 de Novembro. O Leitor e os seus amigos (basta ler os blogs na altura) já estavam prontos para “malhar” forte e feio nos movimentos, mas tiveram de enfiar a viola no saco, por razões óbvias. Já agora, a manifestação nunca esteve prevista para chegar às 14.30h ao Parlamento. Estava prevista a concentração no Marquês às 14h. para depois seguirmos até S. Bento sem hora prevista para chegarmos. Claro que nos seus cálculos iniciais a “meia dúzia de divisionistas” que haveriam de se juntar no Marquês não durariam mais de 30 m a chegar a S. Bento. Só que as coisas não foram bem assim. Sei que isso me agradou muito mais a mim que a si. Paciência. Quanto à minha intervenção no 15 de Novembro, fale com alguém que tenha lá estado, até ao fim, certamente lhe confirmará que uma das palavras de ordem que gritei foi “UNIDADE”. Como facilmente aqui poderá comprovar:
Nessa altura, idiota até ao tutano, ingénuo e ainda algo “verdinho”, acreditava sinceramente nas vantagens dessa suposta unidade. Dei provas durante um bom tempo ainda dessa aposta na unidade (um dia talvez me refira a elas, por mais estranhas que possam parecer a alguns) mas acabei por perceber que tal unidado seria impossível. Aliás como as manifestações de Janeiro e Setembro seguintes bem demonstraram. Manifestações nas quais o Leitor não quis participar, com justificações que nem sequer vou comentar, pois não entende as razões de dignidade e de exigência de respeito pela classe, que devem estar acima de tudo, e sempre nos motivaram e moveram. Pessoalmente, estou convencido que as mesmas não deixaram de contribuir para manter na agenda a luta dos professores e se mais não se conseguiu foi porque os sindicatos preferiram não atacar José Sócrates, como deveriam, sobretudo em Setembro. Por motivos demasiado óbvios. Mas enganaram-se e, de caminho, defraudaram os professores e a sua luta. Hoje sei bem que isso nunca foi o mais importante. Por isso, por mim, fechei a porta. E deixei de alinhar em folclores. Quando quiserem lutar a sério, avisem. Mas com outros responsáveis. Os actuais, pelo seu autismo, arrogância e incapacidade de gestão autónoma da luta, estão… completamente perdidos nos seus próprios labirintos.
Finalmente, quero agradecer-lhe muito o comentário que escreveu, foi para mim bastante esclarecedor e, acima de tudo, muito motivador 🙂
Têm falhas certamente. Uma delas é o facto de eu não dizer: “estamos aqui os genuínos” (não tanto pelo conteúdo, mas mais pela forma :)), a outra é que eu não me referiria depreciativamente aos “inquilinos” de S.Bento, sobretudo quando tinha sido um dos responsáveis pelos contactos com os mesmos, para que os movimentos fossem recebidos, como foram, pelos diversos grupos parlamentares, e integrando eu, ainda por cima, essa comissão de professores. Finalmente, porque não tenho nenhum preconceito em relação ao ser-se político, considero mesmo que a política é das mais nobres actividades do Homem, desde que desempenhada com nobreza e tendo em vista o bem comum. Tudo razões para estranhar bastante que tal tipo de declarações possa ter sido de minha responsabilidade. Mas para mim, devo dizer-lhe, a sua maior falha nem se prende com eventuais lapsos de memória, ou troca de rádios, a falha maior e mais grave é ter sido capaz de ir a uma manifestação de professores, sendo professor, para “OBSERVAR”. Isso é que lhe fica verdadeiramente mal. Isso sim, é divisionismo e talvez até outros ismos. No dia que decidir escrever as minhas memórias, acerca destes anos da luta de professores, terei de incluir no capítulo dedicado ao 15 de Novembro, este episódio do “Leitor Observador”. Eu sabia que tinha havido muitos observadores pela televisão, já com o “log in” concluído nos respectivos blogs, prontinhos para a degola dos “sans cullote” da luta, mas desconhecia, sinceramente, que alguns até se deram ao trabalho de ir ao Marquês só para OBSERVAR e depois voltaram para trás. Brutal. E eu que pensava que sabia tudo sobre o 15 de Novembro… afinal há sempre um facto novo, um episódio picaresco. Que grande dia esse! Não termino sem deixar um abraço sincero aos que foram, e ficaram até ao fim, acreditando que estavámos todos ali irmanados numa luta pela nossa dignidade, cidadãos de corpo inteiro, dando uma exemplar lição de intervenção cívica.
Cuida-te, que o Leitor tem uma ficha detalhada a teu respeito (uma ficha com várias lacunas e distorções, mas que importa isso?). Até sabe que, no dia 15, prestaste declarações não à TSF, mas à Rádio Renascença. Estamos todos “fichados”. Deve ser para nos cair em cima quando se instaurar (no dia de São Nunca à Tarde) a sua tão amada «ditadura do proletariado».
Simples curiosidade sociológica, essa da observação, até porque moro muito próximo.
Estava interessado em observar até que ponto os movimentos “espontâneos” tão acarinhados pela comunicação social conseguiriam mobilizar umas centenas de incautos.
Numa só frase consegue deixar transparecer duas coisas que, manifestamente, lhe roem a alma (e que podem miná-lo de cálculos biliares, se não tiver cuidado): o despeito pela atenção que os OCS têm dado (não apenas no 15 de Novembro) aos movimentos independentes e o facto de termos conseguido mobilizar não umas centenas de “incautos” (bela forma de se referir aos professores presentes, para si, certamente, apenas uma cambada de ingénuos e acéfalos que se deixaram enganar pelos perigosos divisionistas dos movimentos) mas uns larguíssimos milhares. Isto para já não falar no facto das manifestações tradicionais de professores, convocadas pelos do costume, terem voltado aos números habituais pré-2008, a partir do momento em que movimentos e diversos bloggers romperam com a tal unidade, que só interessava quando era invocada pelos “donos da luta”. Sim caro Leitor, é mesmo isso: sem o apoio, mobilização e participação dos movimentos e bloggers, e de tantos milhares de professores “estreantes”, motivados pelo processo de luta que explodiu nas escolas (apesar da inacção sindical), as manifestações de Março e Novembro, convocadas pela Plataforma, jamais atingiriam a expressão que tiveram. Mas reconhecer isso já seria exigir demais ao Leitor. Ou observador, ou lá o que seja.
Quanto à curiosidade sociológica, que acena como justificação para o seu ímpeto de “observação”, deixe-me dizer-lhe que revelou fraquíssimas qualidades de cientista social. É que perante um facto tão potencialmente significativo, e inédito, nenhum aspirante a sociólogo, por mero observador que fosse, viraria costas ao acompanhamento “in loco”, e integral, de algo que poderia vir a ser histórico. Como foi. Ainda por cima… “morando muito próximo”. Felizmente, muitos dos que moravam mais longe, ficaram até ao fim. E, quanto a mim, decidiram muitíssimo bem, por mais que isso o tenha deixado, sociologicamente, arrasado 😉
em 21/05/2011 em 11:17
Mas o Ricardo Silva não ficou entusiasmado com a “vitória” do Passos Coelho?
Ou é outro com o mesmo nome?
em 22/05/2011 em 13:18
Pois é caro Leitor,
Está enganado. Por mais que tresleia… não acerta. Não poderia ficar “entusiasmado” com a vítória do líder de um partido que tem o programa que tem e que eu analisei aqui:
https://apede08.wordpress.com/2011/05/08/programa-para-a-educacao-do-psd-ou-do-bloco-central/
Apenas me limitei, no comentário que fiz no “Umbigo”, a assinalar a derrota sentida pelos tradicionais comentadeiros socráticos, acrescentando ainda o seguinte:
“creio que Sócrates terá tido o 1º dia do resto da sua vida política, a caminho de um funeral breve e curto. A bem da nação, assim o espero. Mesmo que o futuro não se anuncie glorioso, seja qual for o resultado eleitoral.”
Realmente desejo a derrota de Sócrates, como qualquer professor desejará. Partir daí para afirmar que fiquei “entusiasmado” com a vitória no debate do PPC (considerando as expectativas iniciais de todos os analistas) é o tipo de afirmação que só descredibiliza quem a faz. Basta ler o que escrevo no final do parágrafo. Sinceramente, estou um bocadinho cansado de responder a atoardas… embora perceba a intenção e objectivos.
Se algum movimento ou blog tem dado provas de uma consistente, coerente e insistente postura crítica face ao PSD, à sua postura e ao seu programa, tem sido precisamente a APEDE.
Mas eu percebo que o caro Leitor não deseje a derrota de Sócrates. Percebo até muito bem. Veja lá é se as contas não lhe saem de novo furadas como aconteceu em 2009.
em 22/05/2011 em 16:54
Ainda bem. Já somos dois.
Embora a questão não seja tanto desejar apenas a derrota de Sócrates, mas contribuir activamente para a derrota das políticas que nos últimos 35 anos levaram o País e a Escola Pública à situação deprimente em que estamos. Mas isso já era exigir demais à APEDE.
em 22/05/2011 em 17:35
Claro, a APEDE não fez nada nesse sentido, não tem contribuido nada nada nada para a inversão do rumo do País e da Escola Pública. O caro Leitor é que se tem destacado pelas suas iniciativas públicas, tomadas de posição, manifestações, contactos parlamentares, elaboração de propostas de reorganização da Escola Pública, etc., etc. Aliás, nem sei como tem tempo para perder com a APEDE, com um país inteiro para salvar à sua espera.
em 22/05/2011 em 18:03
E já agora convém frisar bem o seguinte: quem define a agenda e o programa de acção da APEDE é a própria APEDE, não o caro Leitor ou a organização/objectivo que o comanda. E lembro ainda que a APEDE não quer, nem quis nunca, transformar-se em algo diferente daquilo que sempre foi e como se assumiu no momento da sua criação. Não queremos ser sindicato, nem queremos ser partido político ou tomar num deles alguma posição ou conquista de lugar. Foi isso que muitos pensaram e levianamente acusaram ao longo destes tempos: que queríamos protagonismo e um tacho qualquer. Estiveram e continuam a estar enganados. Continuamos a ser o que sempre fomos: professores que formaram uma Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino. Com a independência e coerência de sempre, criticando o que entendemos dever criticar, tomando as posições que entendemos dever tomar, a cada momento, em defesa dos nossos princípios. Não é com parco orgulho que ao fim destes anos podemos continuar a afirmar e a agir de acordo com esta filosofia. Por muito que isso custe a quem gostaria de nos ver desaparecer. Acontece que quanto mais esse desejo é notório mais força temos para continuar.
em 22/05/2011 em 18:25
Presunção e água benta cada qual toma a que quer.
em 22/05/2011 em 18:41
Não se trata de presunção alguma, são simples factos. A que acresce a situação de sermos professores no activo, com as responsabilidades e trabalho inerente, sem reduções para a luta e sem qualquer tipo de “ajudas de custo”. Presunção é a sua, que vem aqui “cobrar” o que não pode quando devia era reconhecer o trabalho e a contribuição que temos dado à luta dos professores e ao reforço da intervenção cívica e da cidadania.
Mas isso, sei-o bem, já era exigir demais de si.
em 23/05/2011 em 11:54
Já que o empenhado leitor parece não gostar nada dos contributos da APEDE para a luta, isso leva-me a pensar que deverá gostar mais de contributos oriundos de OUTROS lados. Da imensa panóplia que poderia citar, lembro apenas alguns que me parecem bastante “interessantes”. O maior sindicato de professores do país desconvoca a célebre “Marcha pela Educação”, anuncio esse feito em cima da hora para que ninguém tenha tempo de reagir, e ainda tem a distinta lata de apontar como nova data o próximo ano. No comments! O lider do mesmo sindicato declara aos media que agora NÂO É TEMPO DE LUTAR! Se quando vivemos a situação mais grave não se deve lutar, só se pode concluir que NUNCA se deve lutar.Termino só com mais um facto. Na última concentração de docentes frente ao ME, um grupo de controleiros da CGTP devidamente identificados tentou impedir os professores de realizarem o seu protesto. Claro que estes não se deixaram amedrontar e mantiveram a sua acção, levando o pequeno rebanho amestrado a abandonar o local de orelha murcha. Para exemplificar contributos para a luta, estes factos dizem bem de que lado se está e para onde se quer ir. Ou estarei enganado? É preciso mais exemplos?
em 23/05/2011 em 13:25
Zé Manel:
“Onde é que você estava no 19 de Maio de 2011?”
em 23/05/2011 em 14:08
Já agpra que estamos numa de perguntas: onde estava o caro Leitor no dia 15 de Novembro de 2008, no dia 24 de Janeiro de 2009 e no dia 19 de Setembro do mesmo ano? Se pudesse esclarecer-me agradecia.
em 23/05/2011 em 18:03
Não sou dos que deixa as perguntas sem resposta:
Em 15 de Novembro 2008 estive a observar a concentração no Marquês até às 15.00 para uma manifestação que se previa estivesse em S. Bento às 14.30!
Fui depois para casa e segui pela TSF o resto.
Como por exemplo as lamentáveis declarações de Ricardo Silva:
“Estamos aqui os genuínos, nenhum é político, nenhum pertence a qualquer sindicato, ninguém pertence a esta casa atrás de mim…”
Em 24 de Janeiro 2009 não fui a Belém porque nunca alimentei expectativas quanto ao posicionamento de Cavaco Silva. E viu-se.
Em 19 de Setembro 2009 também não fui a S. Bento e até me escondi para não ser gozado pelos vizinhos que não sendo professores não percebem certas iniciativas folclóricas e divisionistas .
em 23/05/2011 em 19:39
Mais uma vez atira umas atoardas ao ar, com pouquíssimo respeito pela verdade. Essas declarações que cita, dificilmente poderiam ser minhas, por razões várias, mas uma delas é porque creio nem sequer ter falado para a TSF :). Além disso não me revejo nas mesmas, de todo. Terei afirmado às tv’s, isso sim, que não éramos realmente sindicalistas, mas professores independentes, e isso tinha até um contexto óbvio pois MLR afirmara, uma semana antes, que os professores eram totalmente comandados pelos sindicatos. Pois bem, estavam ali 15 a 20 mil professores que não tinham sido convocados por nenhum sindicato. Claro que o Leitor prefere lançar atoardas a contextualizar correctamente as coisas. Já estou habituado. Quanto ao resto… lembro-me bem de ter dito que aquela era a casa da cidadania e daí a importância da manifestação se dirigir precisamente ao Parlamento. Onde fomos recebidos logo de seguida, por sinal. Lamentável, mas mesmo lamentável, é o facto de considerar que professores que deram e continuaram a dar o seu melhor em prol da classe não passam de uns divisionistas. Percebo bem que, para si, tudo o que escape às ordens superiores da nomenklatura seja encarado como divisionista, percebo até a alergia e acidez que tal lhe provoca. Também compreendo que lhe tenha custado imenso ter de engolir a sede de “sangue” que o animava às 14 h de dia 15 de Novembro. O Leitor e os seus amigos (basta ler os blogs na altura) já estavam prontos para “malhar” forte e feio nos movimentos, mas tiveram de enfiar a viola no saco, por razões óbvias. Já agora, a manifestação nunca esteve prevista para chegar às 14.30h ao Parlamento. Estava prevista a concentração no Marquês às 14h. para depois seguirmos até S. Bento sem hora prevista para chegarmos. Claro que nos seus cálculos iniciais a “meia dúzia de divisionistas” que haveriam de se juntar no Marquês não durariam mais de 30 m a chegar a S. Bento. Só que as coisas não foram bem assim. Sei que isso me agradou muito mais a mim que a si. Paciência. Quanto à minha intervenção no 15 de Novembro, fale com alguém que tenha lá estado, até ao fim, certamente lhe confirmará que uma das palavras de ordem que gritei foi “UNIDADE”. Como facilmente aqui poderá comprovar:
Nessa altura, idiota até ao tutano, ingénuo e ainda algo “verdinho”, acreditava sinceramente nas vantagens dessa suposta unidade. Dei provas durante um bom tempo ainda dessa aposta na unidade (um dia talvez me refira a elas, por mais estranhas que possam parecer a alguns) mas acabei por perceber que tal unidado seria impossível. Aliás como as manifestações de Janeiro e Setembro seguintes bem demonstraram. Manifestações nas quais o Leitor não quis participar, com justificações que nem sequer vou comentar, pois não entende as razões de dignidade e de exigência de respeito pela classe, que devem estar acima de tudo, e sempre nos motivaram e moveram. Pessoalmente, estou convencido que as mesmas não deixaram de contribuir para manter na agenda a luta dos professores e se mais não se conseguiu foi porque os sindicatos preferiram não atacar José Sócrates, como deveriam, sobretudo em Setembro. Por motivos demasiado óbvios. Mas enganaram-se e, de caminho, defraudaram os professores e a sua luta. Hoje sei bem que isso nunca foi o mais importante. Por isso, por mim, fechei a porta. E deixei de alinhar em folclores. Quando quiserem lutar a sério, avisem. Mas com outros responsáveis. Os actuais, pelo seu autismo, arrogância e incapacidade de gestão autónoma da luta, estão… completamente perdidos nos seus próprios labirintos.
Finalmente, quero agradecer-lhe muito o comentário que escreveu, foi para mim bastante esclarecedor e, acima de tudo, muito motivador 🙂
em 23/05/2011 em 20:53
Citações só de memória podem ter falhas:
As declarações não foram para a TSF, mas sim para a Rádio Renascença.
em 23/05/2011 em 21:24
Têm falhas certamente. Uma delas é o facto de eu não dizer: “estamos aqui os genuínos” (não tanto pelo conteúdo, mas mais pela forma :)), a outra é que eu não me referiria depreciativamente aos “inquilinos” de S.Bento, sobretudo quando tinha sido um dos responsáveis pelos contactos com os mesmos, para que os movimentos fossem recebidos, como foram, pelos diversos grupos parlamentares, e integrando eu, ainda por cima, essa comissão de professores. Finalmente, porque não tenho nenhum preconceito em relação ao ser-se político, considero mesmo que a política é das mais nobres actividades do Homem, desde que desempenhada com nobreza e tendo em vista o bem comum. Tudo razões para estranhar bastante que tal tipo de declarações possa ter sido de minha responsabilidade. Mas para mim, devo dizer-lhe, a sua maior falha nem se prende com eventuais lapsos de memória, ou troca de rádios, a falha maior e mais grave é ter sido capaz de ir a uma manifestação de professores, sendo professor, para “OBSERVAR”. Isso é que lhe fica verdadeiramente mal. Isso sim, é divisionismo e talvez até outros ismos. No dia que decidir escrever as minhas memórias, acerca destes anos da luta de professores, terei de incluir no capítulo dedicado ao 15 de Novembro, este episódio do “Leitor Observador”. Eu sabia que tinha havido muitos observadores pela televisão, já com o “log in” concluído nos respectivos blogs, prontinhos para a degola dos “sans cullote” da luta, mas desconhecia, sinceramente, que alguns até se deram ao trabalho de ir ao Marquês só para OBSERVAR e depois voltaram para trás. Brutal. E eu que pensava que sabia tudo sobre o 15 de Novembro… afinal há sempre um facto novo, um episódio picaresco. Que grande dia esse! Não termino sem deixar um abraço sincero aos que foram, e ficaram até ao fim, acreditando que estavámos todos ali irmanados numa luta pela nossa dignidade, cidadãos de corpo inteiro, dando uma exemplar lição de intervenção cívica.
em 23/05/2011 em 21:46
Ricardo,
Cuida-te, que o Leitor tem uma ficha detalhada a teu respeito (uma ficha com várias lacunas e distorções, mas que importa isso?). Até sabe que, no dia 15, prestaste declarações não à TSF, mas à Rádio Renascença. Estamos todos “fichados”. Deve ser para nos cair em cima quando se instaurar (no dia de São Nunca à Tarde) a sua tão amada «ditadura do proletariado».
em 23/05/2011 em 21:48
Simples curiosidade sociológica, essa da observação, até porque moro muito próximo.
Estava interessado em observar até que ponto os movimentos “espontâneos” tão acarinhados pela comunicação social conseguiriam mobilizar umas centenas de incautos.
em 23/05/2011 em 22:47
Caro Leitor,
Numa só frase consegue deixar transparecer duas coisas que, manifestamente, lhe roem a alma (e que podem miná-lo de cálculos biliares, se não tiver cuidado): o despeito pela atenção que os OCS têm dado (não apenas no 15 de Novembro) aos movimentos independentes e o facto de termos conseguido mobilizar não umas centenas de “incautos” (bela forma de se referir aos professores presentes, para si, certamente, apenas uma cambada de ingénuos e acéfalos que se deixaram enganar pelos perigosos divisionistas dos movimentos) mas uns larguíssimos milhares. Isto para já não falar no facto das manifestações tradicionais de professores, convocadas pelos do costume, terem voltado aos números habituais pré-2008, a partir do momento em que movimentos e diversos bloggers romperam com a tal unidade, que só interessava quando era invocada pelos “donos da luta”. Sim caro Leitor, é mesmo isso: sem o apoio, mobilização e participação dos movimentos e bloggers, e de tantos milhares de professores “estreantes”, motivados pelo processo de luta que explodiu nas escolas (apesar da inacção sindical), as manifestações de Março e Novembro, convocadas pela Plataforma, jamais atingiriam a expressão que tiveram. Mas reconhecer isso já seria exigir demais ao Leitor. Ou observador, ou lá o que seja.
Quanto à curiosidade sociológica, que acena como justificação para o seu ímpeto de “observação”, deixe-me dizer-lhe que revelou fraquíssimas qualidades de cientista social. É que perante um facto tão potencialmente significativo, e inédito, nenhum aspirante a sociólogo, por mero observador que fosse, viraria costas ao acompanhamento “in loco”, e integral, de algo que poderia vir a ser histórico. Como foi. Ainda por cima… “morando muito próximo”. Felizmente, muitos dos que moravam mais longe, ficaram até ao fim. E, quanto a mim, decidiram muitíssimo bem, por mais que isso o tenha deixado, sociologicamente, arrasado 😉