Porque nada é garantido
Ontem, num interessante colóquio com o título de «Estado, Protesto Popular e Movimentos Sociais no Portugal Contemporâneo», organizado pelo Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, recordou-se o que foi a repressão das greves operárias nos anos 40 da ditadura salazarista.
As coisas passavam-se assim:
Concretizada a greve, a empresa era imediatamente encerrada e os seus trabalhadores eram todos (sem excepção) despedidos. Depois a PIDE e o patronato procediam à análise do comportamento de cada trabalhador, individualmente, caso a caso. Aqueles que se revelassem como líderes ou participantes mais activos na contestação laboral, para além de serem detidos e sujeitos aos interrogatórios “carinhosos” da PIDE (e, no horizonte próximo, havia mesmo penas de prisão), ficavam proibidos de trabalhar em qualquer empresa da região.
Para quem pense que isto é passado e que não há qualquer hipótese de semelhante cenário regressar, convém lembrar que, há muito pouco tempo, também se pensava que os vencimentos eram garantidos e que não podiam ser reduzidos por decreto e que o vínculo à Função Pública era um direito sagrado no qual ninguém podia mexer – para já não falar dos que trabalharam 20 ou 30 anos numa empresa e que, de um dia para o outro (muitas vezes sem aviso prévio), se viram no desemprego.
Porque não há direitos adquiridos. Só há direitos conquistados. E essa conquista tem de ser feita todos os dias.
em 04/06/2011 em 13:03
Fazem muito bem em lembrar.
em 05/06/2011 em 11:09
A Democracia está em perigo no ocidente: Guantanamo, Itália, …, Portugal.
Que não nos esqueçámos que há sempre argumentos justificativos para qualquer atentado à Democracia, nem que sejam: “o momento particularmente difícil que vivemos” ou “necessidade de resposta urgente”….