Cenário para o ensino: morno, a atirar para o frio
O passado recente (e o longínquo também) ensinou que os professores não têm grande coisa a esperar de um governo PSD/CDS. Os programas com que esses partidos concorreram a estas eleições também não ajudam a grandes entusiasmos.
Vejamos:
– Já toda a gente percebeu (à excepção daqueles optimistas que não aprendem com todas as desilusões que já levaram em cima) que o PSD e o CDS não estão dispostos a mexer uma vírgula no actual modelo de administração escolar, a não ser para piorar o que nele já é bastante mau. Por aqui, assunto encerrado.
– Os estrangulamentos colocados à progressão na carreira vão também permanecer intocados. E é mesmo possível que da cartola do memorando da “troika” possam sair, a esse respeito, coisas ainda mais desagradáveis com as quais ninguém sonha neste momento. Sabemos, aliás, como é fértil a imaginação dos nossos governantes sempre que se trata de reduzir os direitos de quem trabalha, ainda para mais num momento em que a crise é pretexto para todas as formas de espoliação.
– Com os cortes orçamentais, o fim dos vínculos, a provável supressão dos concursos nacionais, a abertura das escolas aos apetites dos poderes autárquicos, a precarização do emprego dos professores, a destruição da sua autonomia profissional, restará o quê? O rebuçado simbólico de um novo modelo de avaliação do desempenho que seja justo e faça sentido? Mas até nisso convém manter as expectativas a um nível pouco elevado. A avaliação é um instrumento poderoso de controlo dos professores e de repressão de eventuais manifestações de rebeldia ou de mera questionação das autoridades instituídas nas escolas. Estará uma nova equipa ministerial disposta a abdicar de semelhante meio de domesticação da classe docente? Temos as nossas dúvidas…
O futuro é, portanto, muito pouco luminoso. Razão para que as garrafas de champanhe se tivessem mantido sensatamente guardadas no frigorífico.
em 07/06/2011 em 00:24
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Gostei deste comentário refletido!
Oxalá mts colegas o vejam e assinem por baixo. Já partilhei no fbk.
em 08/06/2011 em 11:13
Claro que tudo isto é verdade, mas ainda pode haver alguma réstea de esperança SE o professor Santana Castilho for o próximo ministro da Educação. Vamos fazer uma forcinha para que tal aconteça já que o Coelho confessou a sua admiração por ele. A ser assim, nem tudo estará perdido.
em 08/06/2011 em 12:45
Nenhuma réstia, meu caro.
Até prometeu que ia mudar o programa eleitoral para a Educação e viu-se.
Faça é uma forcinha para a pasta não ser já entregue ao CDS.
Embora a diferença também não seja muita, reconheça-se..