A propósito da (in)coerência do PSD quanto à suspensão da ADD
A pergunta (a primeira de todas) que tem de ser feita a Pedro Passos Coelho é esta: porque motivo o PSD votou CONTRA a suspensão da ADD em Janeiro de 2011?
É estranho que ainda ninguém lhe tenha perguntado isso. Estranho e importante. Porque se somarmos a essa votação, contrária à suspensão, em Janeiro, a intenção ontem declarada de “conversar com todos” sobre o futuro da ADD (pela voz de Nuno Crato) e a promessa (constante no programa de governo – em que o tema da Educação surge na página 109 de 129) de “reformar” o modelo em vigor, é caso para nos perguntarmos se a incoerência do PSD não foi, afinal, ter protagonizado aquela apressada “caldeirada” parlamentar, provavelmente muito bem orquestrada, em Março último.
Para apoiar esta tese, existem outras evidências da coerência do PSD em NÃO APROVAR a suspensão da ADD: a célebre “cambalhota” de Aguiar Branco (altura em que o PSD colocou o seu logótipo num documento escrito e apresentado por Santana Castilho, no Parlamento, em iniciativa patrocinada pelo PSD, que defendia que o único destino possível do modelo de ADD era “o caixote do lixo”) e as famosas faltas cirúrgicas à sessão parlamentar onde os seus votos podiam também ter sido decisivos.
Resumindo e concluindo: o PSD foi, afinal, sempre coerente, e continua a sê-lo. Com a única e “estranha” excepção de Março. Altura em que, por acaso, e só por acaso certamente, se estava às portas de umas eleições legislativas. Sim, é verdade, PPC também deu mostras dessa incoerência momentânea, numa ou noutra entrevista ou declaração pública acenando o compromisso da suspensão (rotulando o processo de ADD de monstruoso e “kafkiano”). No fundo, foram as excepções que vieram confirmar a regra 🙂
E o resto (porque há-de vir pior, bem pior) a seu tempo se verá, ficando bem claro que é urgente, é preciso, continuar a luta. Uma luta que não deverá repetir velhas fórmulas e caminhos de “traição”. Uma luta que terá de ser travada, em primeiro lugar, nas escolas, usando as “armas” que estão à nossa disposição. E essas “armas” existem. Lá voltaremos.
Quanto à moral da história, sobre a coerência e/ou incoerência do PSD poderíamos usar, parafraseando alguém, uma frase simples e lapidar: “É a política, estúpidos”. Ou então… a “magnífica” expressão de Maria de Lurdes Rodrigues, proferida em pleno Parlamento: são os “votozinhos”.