12 Respostas para 'Há uma guerra de classes. Mas, por enquanto, só um dos lados parece empenhado em usar todas as armas que possui'
Subscribe to comments with RSS ou TrackBack para 'Há uma guerra de classes. Mas, por enquanto, só um dos lados parece empenhado em usar todas as armas que possui'.
Meio Vazio said,
em 29/07/2011 em 19:20
Para caricatura dos delírios e fantasias oitocentistas do velho Karl, não está nada mal.
Essa pirâmide social é quase intemporal. As pessoas são egoistas. Assim sendo o poder que têm utilizam-no em proveito próprio , isto é , arrebanhando o mais que conseguem.
No feudalismo também havia os servos que trabalhavam e o clero e nobreza que tinham mais recursos que os escravos da gleba.
Mesmo dentro da Igreja uma coisa era ser-se bispo..,outra um monge incognito.
Isto não significa que se aceite estado de coisas.
Tal como existe um egoismo natural..,o ser humano também possue algum sentido de justiça que o faz ver que demasiada desigualdade não é boa.
A demanda da justiça é um motivo universal e intemporal; a crença na sua possibilidade plena (passe a redundância), um equívoco de raiz mítica ou teológica (gnóstica/marxista); a legenda que acompanha cada patamar da pirâmide “definindo-o”, apenas uma caricatura – ou tão somente (e mais provável) desatenção ou má-fé.
Será necessário? Talvez baste, por exemplo, que se certifique: de que não trabalha apenas quem está na base da pirâmide – condescendendo na sua consistência, claro – (onde colocaremos esses “árduos trabalhadores” como Marx, Lenine, Trotsky e companhia?); de que a “gente de armas” faria (fará) mais do que “atirar” para baixo; de que os clérigos (cristãos, islâmicos) não são necessariamente aldrabões – durante muito tempo, aliás, terão sido os únicos que, cultivando a ciência, a filosofia, as artes,a assistência aos mais desgraçados, impediram que a civilização sucumbisse ante a barbárie.
A pirâmide é uma caricatura, mas é uma boa caricatura. Simplifica a realidade, mas não a simplifica abusivamente. Marx, Lenine, Trotsky “e companhia” – presumo que nessa companhia se incluem Hegel, Nietzche, Callyle, Spencer, Pound, Céline, Friedman – integrariam, numa versão menos caricatural da pirâmide, o degrau correspondente aos clérigos.
Não simplifica “abusivamente”? Excelente; finalmente encontrada a possibilidade da redução respeitadora da realidade!
Quanto ao emparceiramento que propõe, passe. Mas, acautele-se: poucos membros da confraria aceitarão que tão nobre companhia se justifique no engano dos inocentes, sem rasgar as vestes.
Mas serão os inocentes inocentes? Ou deixarão de o ser quando escolhem deixar-se enganar por um clérigo em vez de outro? Quanto à redução respeitadora da realidade, não me arrogo as primícias dessa descoberta: é o que toda a caricatura é por definição, desde que certeira – ou inversamente, mas também por definição, o que nenhum retrato da realidade pode ser.
A uma caricatura só se pode opor outra caricatura – como aquela sua dos “delírios oitocentistas”. Tudo o que dizemos ou pensamos é redutor; o respeito pela realidade pode ser maximizado, mas nunca é absoluto. Se estamos “as on a darkling plain / Where ignorant armies clash by night”, qualquer luzinha reduzida, mesmo a duma caricatura, é bem vinda.
em 29/07/2011 em 19:20
Para caricatura dos delírios e fantasias oitocentistas do velho Karl, não está nada mal.
em 29/07/2011 em 20:28
Acabado de publicar e recomendado ao 1/2 vazio para não esvaziar completamente:
http://bargad.files.wordpress.com/2011/01/hobsbawm-how-to-change-cover1.jpg?w=497&h=497
em 29/07/2011 em 21:38
É engraçado como os ‘delírios oitocentistas’ do velho Karl batem certo com a sabedoria pós-modernista do velho Warren…
em 30/07/2011 em 06:39
Essa pirâmide social é quase intemporal. As pessoas são egoistas. Assim sendo o poder que têm utilizam-no em proveito próprio , isto é , arrebanhando o mais que conseguem.
No feudalismo também havia os servos que trabalhavam e o clero e nobreza que tinham mais recursos que os escravos da gleba.
Mesmo dentro da Igreja uma coisa era ser-se bispo..,outra um monge incognito.
Isto não significa que se aceite estado de coisas.
Tal como existe um egoismo natural..,o ser humano também possue algum sentido de justiça que o faz ver que demasiada desigualdade não é boa.
em 30/07/2011 em 12:22
A demanda da justiça é um motivo universal e intemporal; a crença na sua possibilidade plena (passe a redundância), um equívoco de raiz mítica ou teológica (gnóstica/marxista); a legenda que acompanha cada patamar da pirâmide “definindo-o”, apenas uma caricatura – ou tão somente (e mais provável) desatenção ou má-fé.
em 30/07/2011 em 15:13
«Desatenção ou má-fé»? Porquê? Desenvolva, por favor…
em 31/07/2011 em 01:02
Será necessário? Talvez baste, por exemplo, que se certifique: de que não trabalha apenas quem está na base da pirâmide – condescendendo na sua consistência, claro – (onde colocaremos esses “árduos trabalhadores” como Marx, Lenine, Trotsky e companhia?); de que a “gente de armas” faria (fará) mais do que “atirar” para baixo; de que os clérigos (cristãos, islâmicos) não são necessariamente aldrabões – durante muito tempo, aliás, terão sido os únicos que, cultivando a ciência, a filosofia, as artes,a assistência aos mais desgraçados, impediram que a civilização sucumbisse ante a barbárie.
em 31/07/2011 em 13:26
A pirâmide é uma caricatura, mas é uma boa caricatura. Simplifica a realidade, mas não a simplifica abusivamente. Marx, Lenine, Trotsky “e companhia” – presumo que nessa companhia se incluem Hegel, Nietzche, Callyle, Spencer, Pound, Céline, Friedman – integrariam, numa versão menos caricatural da pirâmide, o degrau correspondente aos clérigos.
em 31/07/2011 em 15:11
Não simplifica “abusivamente”? Excelente; finalmente encontrada a possibilidade da redução respeitadora da realidade!
Quanto ao emparceiramento que propõe, passe. Mas, acautele-se: poucos membros da confraria aceitarão que tão nobre companhia se justifique no engano dos inocentes, sem rasgar as vestes.
em 31/07/2011 em 16:29
Mas serão os inocentes inocentes? Ou deixarão de o ser quando escolhem deixar-se enganar por um clérigo em vez de outro? Quanto à redução respeitadora da realidade, não me arrogo as primícias dessa descoberta: é o que toda a caricatura é por definição, desde que certeira – ou inversamente, mas também por definição, o que nenhum retrato da realidade pode ser.
em 31/07/2011 em 16:46
A uma caricatura só se pode opor outra caricatura – como aquela sua dos “delírios oitocentistas”. Tudo o que dizemos ou pensamos é redutor; o respeito pela realidade pode ser maximizado, mas nunca é absoluto. Se estamos “as on a darkling plain / Where ignorant armies clash by night”, qualquer luzinha reduzida, mesmo a duma caricatura, é bem vinda.
em 01/08/2011 em 01:46
É sim senhor, ainda que, bastas vezes, como no caso supra, a subtileza do caricaturista se esgote no traço.
Sinceros cumprimentos e boas férias.