É só para anestesiar?
Já referimos aqui várias vezes o papel de contenção/controlo/diluição das lutas sociais que, em Portugal (e não só), tem caracterizado a esquerda-que-temos e o sindicalismo-que-temos. Lamentamos ter de regressar ao assunto e bater na mesma tecla, mas a evidência actual é tão deprimente que não podemos evitá-lo.
É verdade que, nos tempos actuais desta crise fabricada, o mundo laboral parece paralisado por um misto de impotência e de medo – dois sentimentos pouco propícios para incendiar revoltas.
Mas, mesmo assim, será pedir demais a correntes políticas e a organizações historicamente forjadas em lutas sociais muito além dos gabinetes parlamentares e dos corredores ministeriais que façam um esforço, por tímido que seja, para agitarem as pessoas em lugar de as anestesiar ainda mais?
Aviso à navegação (e a certos “navegadores” disfuncionais): quando falamos de agitar não estamos, naturalmente, a pensar em manifestações folclóricas para preencher calendário.
Estamos a pensar em iniciativas muito mais exigentes, feitas nos locais de trabalho, para organizar os trabalhadores no combate por direitos elementares que estão a ser sistemática e metodicamente destruídos.
E quando falamos em iniciativas nos locais de trabalho, que fique claro que não estamos a pensar em reuniões sindicais rotineiramente marcadas para que apenas poucos compareçam (já que a maioria, por descrença fundada, há muito desertou desse género de “acções”).
Os sindicatos e os partidos de esquerda – os que têm assento na Assembleia da República – estão hoje confrontados com um dilema:
vão arriscar politicamente e mobilizar os recursos que têm (e que não são escassos) para tentar reconquistar capital e prestígio junto dos trabalhadores e dos desempregados deste país, procurando mobilizá-los para lá da rotina e do faz-de-conta, ou vão preferir jogar pelo seguro, optando por formas moles de fazer política, concebidas apenas para lhes garantir a sobrevivência e o pequeno tacho?
Notem que uma pergunta como esta, no momento actual, não é de somenos importância.
(Aguardamos as reacções iradas dos funcionários do costume…)
em 18/09/2011 em 17:48
Cheio de vontade de aprender, com tão subidas individualidades da luta dos trabalhadores em geral, e dos professores em particular, agradecia que a Apede informasse qual ou quais as iniciativas que realizou, ou vai realizar, nos últimos ou nos próximos tempos, com vista a mobilizar os professores para lá da rotina e do faz-de-conta.
É que, apesar de irado-do-costume, estou ansioso por aprender com quem sabe mais de como mobilizar melhor para a luta.
em 18/09/2011 em 17:58
Já? És rápido, pá!
em 19/09/2011 em 01:52
Para o “Funcionário irado do costume”,
Antes disso… gostava que me contasse como correu o dia 16.
em 20/09/2011 em 18:35
Incendiemos, pois, a revolta!
Avante!
A revolução avança a todo o vapor ou morre!