Para pensar um bocadinho, antes dos «amanhãs que cantam»

Ok, pessoal da esquerda brava, a gente sabe que o FMI não é uma instituição de caridade, não vem cá ajudar os necessitados de sempre e o essencial da massaroca irá parar aos cofres da banca. Da banca estrangeira que emprestou dinheiro ao Estado, às empresas, aos bancos portugueses, e também destes últimos, da nossa rica banca nacional.

Mas…

… a alternativa será, como parece que alguns revolucionários de bancada apregoam, deixar essa mesma banca nacional insolvente?

Tem uma certa graça (mentira: não tem graça nenhuma) ver certos génios “de esquerda” defender qualquer coisa como «nem mais um cêntimo para os malandros dos banqueiros». Acontece que, se a banca portuguesa ficar sem liquidez – como ficará sem a intervenção do FMI -, será a bancarrota total do nosso sistema financeiro, com a implicação imediata de que os depositantes (isto é, todos nós) deixarão de ter acesso às suas contas. Lindo, não é? Imaginem o drama dos pequenos depositantes que se viram defraudados com as aventuras do BPP e agora multipliquem isso à escala nacional.

A alternativa não é, portanto, «nem mais um cêntimo para a banca».

Essa alternativa teria de passar pela recapitalização dos bancos em conjugação com regras apertadíssimas e draconianas que impusessem disciplina às operações bancárias, que desencorajassem a especulação nos mercados financeiros e que não colocassem os Estados – cujos orçamentos serviram para salvar os bancos da falência – na dependência da banca privada sempre que se trata de obter financiamento. Ou seja: tudo o que deveria ter sido feito depois da crise mundial provocada pelas loucuras dos “subprime”, tudo aquilo que os governantes proclamaram, nessa altura, como soluções inadiáveis, tudo aquilo que, afinal, não foi efectuado.

3 thoughts on “Para pensar um bocadinho, antes dos «amanhãs que cantam»

  1. Pingback: Ólhá K7 fresquinhaaaaa…. « (Re)Flexões

  2. Apetece perguntar, a propósito do “post” linkado no “comentário” anterior, o que é que o conteúdo desse “post” tem que ver com o que aqui escrevemos. Por outras palavras: a crítica feita aos que apregoam, infantilmente, que os bancos podem ficar todos sem liquidez que não há problema nenhum, não exclui que se defenda uma renegociação e um perdão parcial da dívida do Estado português junto dos seus credores internacionais. Já defendemos isso em vários outros “posts”. Não embarcamos é em alinhar essa ideia com os radicalismos infantilóides de certa gente que pensa depressa e mal. Para que conste (se for preciso): isto não é uma crítica à direcção do PCP, tá?

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