Repressão policial com o rabo (oportunista) de fora
É verdade que, nos distúrbios de anteontem frente à Assembleia da República – aos quais uma comunicação social pavloviana e subserviente concedeu uma atenção desproporcionada – os instigadores à violência obtiveram os seus fins por ter havido “instigáveis” que se puseram, parvamente, a jeito. Mas isto que está a ser denunciado aqui, aqui e aqui, caso se venha a confirmar, é de uma gravidade que ultrapassa todos os limites do tolerável em democracia e no chamado «Estado de direito» (designação cada vez mais inapropriada para este lupanar mal frequentado).
E depois o estômago ainda se revolve mais quando ouvimos o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícias considerar que os incidentes ocorridos durante a greve geral – alguns dos quais, pelos vistos, fomentados por polícias infiltrados – são um sinal de que a violência vai aumentar no futuro próximo, usando este argumento para justificar que o governo aceite… algumas das reivindicações dos polícias.
Se for verdade o que circula por aí, estamos perante uma táctica reivindicativa brilhante! Os polícias estão proibidos de fazer greve, mas, como se vê, terão arranjado maneira de contornar o problema, diversificando as formas de fazer valer as suas reivindicações: infiltram manifestações, criam desacatos, distribuem pancada a pretexto dos «incidentes» que eles próprios fomentaram, e, no fim, invocam a legitimidade do seu caderno reivindicatico com a maior das canduras.
Sim senhor! Chama-se a isto criatividade na luta laboral! O pormenor chato é que é feita contra outros trabalhadores e contra manifestantes que, de forma mais ou menos eficaz, protestam contra um estado de coisas que também afecta a classe profissional dos polícias…