Sem nobreza
A tremenda humilhação que Fernando Nobre sofreu nesta segunda-feira presta-se a várias leituras. Por um lado, é o desfecho mais do que previsível de uma combinação fatal: um ego, com tanto de desmesurado como de tontinho (o de Nobre), junta-se à imensa dose de parvoeira política de Passos Coelho. Como dizia o outro: “Não habia nexexidade”.
Mas há uma inferência mais deprimente a retirar deste episódio de baixíssima política: o humano não cessa de nos surpreender, e sempre pelas piores razões.
Aqui está um homem, Fernando Nobre, que a maioria de nós se habituou a respeitar e até a admirar perante o trabalho, generoso e empenhado, a que se dedicou na AMI. Durante anos vimos nele uma referência ética, e das mais elevadas. E eis que, de um dia para o outro, Nobre resolve extrair de si a pior versão de si mesmo e projectá-la na praça pública, com um prazer quase perverso em se expor ao opróbio, como se todo o seu empenho estivesse agora em mostrar que o seu passado não foi, afinal, mais do que um logro e que a máscara do humanista escondia o oportunista mais banal.
Podemos rir da triste figura de Nobre. Mas, no fundo, lá muito no fundo, o que sobra é uma enorme tristeza e um sabor a asco.
em 22/06/2011 em 17:51
Mais uma vítima dos abraços do Bom Escuteiro:
http://santanacastilho.blogspot.com/2011/06/passos-e-crato-factos-e-expectativas.html